Demanda
Pão de Açúcar e Carrefour investem forte no segmento
O Grupo Pão de Açúcar (GPA) é um dos que tem investido em lojas de vizinhança, atuando nesse segmento com duas bandeiras. O Minimercado Extra, lançado em 2011, é voltado para a venda de produtos básicos para todas as classes. A outra bandeira é o Minuto Pão de Açúcar, que começou em junho de 2014, e está focado no público de maior renda.
Hoje, o GPA tem 256 lojas das duas bandeiras, sendo 241 do Minimercado e 15 do Minuto. A meta é abrir mais 300 lojas até o fim de 2016, que devem consumir investimentos de R$ 290 milhões.
O Carrefour também iniciou sua investida no setor ano passado, com a bandeira Carrefour Express. São lojas de 200 m², com cerca de 2,7 mil itens básicos e de consumo rápido. A rede não revela os planos para esse formato, mas já tem um centro de distribuição exclusivo capaz de atender 100 lojas desse tipo. O grupo fechou 2014 com quatro Carrefour Express.
Após avançar para as cidades do interior, grandes grupos de supermercados disputam o mercado de vizinhança de alimentos e de produtos de higiene e limpeza para fisgar tanto os consumidores mais ricos como os mais pobres. No ano passado, as pequenas lojas de vizinhança de grandes redes varejistas foram as que mais ampliaram as vendas, superando de longe o desempenho dos hipermercados, supermercados e do pequeno varejo independente.
Estudo feito pela consultoria Euromonitor mostra que as pequenas lojas das grandes redes varejistas aumentaram em 15% as vendas em dólar no ano passado em relação a 2013, enquanto o faturamento dos hipermercados, dos supermercados e do pequeno varejo independente cresceu 0,5%, 2,3% e 0,5%, respectivamente.
"O brasileiro está mudando o hábito de consumo: no passado fazia compra do mês e agora, faz compra do dia ou da semana", afirma Marcela Viana, analista de pesquisa de mercado da Euromonitor Internacional, que acompanha esse mercado em 80 países. Ela observa que o varejo de vizinhança tem posição de destaque em países desenvolvidos, como no Japão, onde movimentou US$ 113,5 bilhões no ano passado.
No mundo, o Brasil ocupou a 12ª posição na lista de países que mais aumentaram as vendas em 2014. Juntas, as pequenas lojas das grandes redes, com até 400 m², faturaram US$ 250,1 milhões no país. Até 2019, essa cifra pode somar US$ 412,9 milhões, com alta de 64,7%.
Praticidade
Alguns fatores explicam esse potencial de crescimento: o consumidor quer praticidade na hora de fazer as compras, sem ter de percorrer grandes distâncias para chegar ao mercado. Além disso, o poder aquisitivo da população melhorou, especialmente com um maior número de mulheres no mercado de trabalho.
Trata-se de um cenário muito diferente do de 20 anos atrás, quando os hipermercados eram os "queridinhos" do consumidor que, na prática, era um "caçador" de ofertas para se defender da inflação de 40% ao mês.
Para Caio Gouvêa, sócio da GS&MD, não foi só o perfil do consumidor que fez aumentar o interesse das grandes redes pelo mercado de vizinhança. A especulação imobiliária, que encareceu os imóveis, acabou dificultando a expansão dos hipermercados, obrigando as varejistas a buscar alternativas.
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast