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Curitiba – O leitor entendeu alguma coisa do que está escrito no infográfico ao lado? Pois se deseja trabalhar em uma grande empresa, deve se preparar para ouvir discursos como esses, repletos de jargões e cada vez mais presentes no ambiente corporativo. "Quando duas pessoas da área conversam entre si, é pouco provável que ocorra alguma confusão. Mas, quando um executivo fala para leigos, pode dar margem não só ao desconhecimento total do termo como até gerar algum tipo de confusão", diz o vice-presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef-PR), Luiz Afonso Cerqueira.

Mas esses episódios não parecem acontecer somente quando diretores de grandes corporações entram em contato com o mundo exterior. A consultora de etiqueta empresarial Maria Christina de Andrade Vieira conta que, em uma das reuniões que participou com executivos, um deles falava muito em "adensamento econômico". "Eu não entendia coisa alguma, e decidi perguntar o que ele queria dizer com aquilo. Foi quando descobri que muitos dos outros diretores também não entendiam."

A história dá uma idéia de como as expressões adotadas nos últimos anos por altos executivos podem ser tão estranhas quanto ineficientes. Não que o chamado "jargão empresarial" seja inútil. Todas as profissões têm suas gírias, que ajudam muito quando conhecidas por todos os interessados. Mas, talvez na tentativa de exibir seu "diferencial", gerentes e diretores de companhias andam falando uma língua pouco compreensível, até para os próprios colegas.

Uma das principais características desse jargão é o abuso do inglês. A língua, predominante nas bibliografias de administração e recursos humanos, ganhou força extra com as multinacionais instaladas no país. Mais ou menos na mesma época em que presidente virou Chief Executive Officer (CEO), algumas palavras passaram a ser importadas diretamente, sem tradução – caso de "downsizing" e "empowerment". Outras ganham traduções ainda pouco esclarecedoras, como "reengenharia". E há aquelas que já têm similar em português mas, em vez de simplesmente traduzidas, são aportuguesadas. É o caso de "upgradear", "startar" e "deliverar", pérolas substituíveis por atualizar, começar e entregar em domicílio, respectivamente.

"Nem sempre existe essa opção, mas, quando a palavra tem tradução perfeita em português, não há porque usar a expressão em inglês", defende Cerqueira, do Ibef-PR. Ele cita o exemplo do "budget", palavrinha corriqueira nos corredores de algumas empresas que nada mais é que o bom e velho "orçamento". Mas a insistência no inglês tem justificativa, garante Alamir Paulo Júnior, sócio-diretor da empresa paulista E-Leader, de cursos via internet.

"O grande ponto favorável desses termos é que eles representam um conjunto de idéias que, em língua portuguesa, teríamos que usar uma frase completa para traduzir seu significado." Faz sentido. Mas também pode dar trabalho, a julgar pela dica que Alamir dá a quem usa o jargão. "É preciso ter a sensibilidade de verificar se a pessoa entendeu o que foi dito ou, sutilmente, ressaltar em bom português. Por exemplo, se eu disser que ‘precisamos focar em nosso core business’, logo em seguida posso dizer ‘temos que ter foco em nosso negócio’. Em geral isso já basta." Mas não seria melhor falar português logo de cara?

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