O Brasil pode se tornar uma potência econômica mundial nos próximos 30 a 40 anos. A opinião é do norte-americano Nouriel Roubini, que foi economista-chefe do governo Bill Clinton. "O país tem uma situação financeira sólida, que pode levá-lo a essa condição", afirmou, em palestra realizada nesta terça-feira (7) na escola de negócios Ibmec São Paulo.
O economista ressaltou, no entanto, que a consolidação do Brasil como uma potência depende de um crescimento contínuo de 6% a 7% ao ano em 2006, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro registrou crescimento de 3,7%. "O Brasil tem todas as condições para ter uma posição de destaque, se for capaz de manter a solidez da economia", disse.
Segundo Roubini, nos últimos quatro a cinco anos os mercados emergentes conquistaram uma condição muito superior à das últimas décadas. Para o professor, a melhora na macroeconomia, a inflação em queda e as sólidas políticas econômicas dos países emergentes credenciam esses mercados a, no médio e longo prazos, terem um PIB superior ao do G7 (grupo dos sete países mais ricos do mundo). "Está em curso uma grande mudança nos poderes econômicos mundiais", disse. "De certa forma, esse é o melhor dos tempos para a economia do mundo".
Crise nos EUA
Para Roubini, no entanto, a economia mundial deve perder fôlego no próximo ano. Essa maior fragilidade será resultado da desaceleração da economia dos Estados Unidos, provocada pela crise do mercado imobiliário do país.
"Se a crise nos EUA for forte, haverá reflexos nos mercados emergentes", advertiu o economista. Para ele, o resto do mundo não conseguirá se descolar de uma crise: "Uma redução forte no consumo norte-americano vai reduzir as importações do país, vai afetar os preços das commodities. Haverá uma queda no valor do dólar, reduzindo a competitividade dos países emergentes". Roubini também advertiu para uma possível redução de investimentos nesses países, bem como das remessas de dinheiro.
Apesar da perspectiva de piora no cenário mundial, o economista descartou a possibilidade de uma crise global. Segundo Roubini, os mercados emergentes estão mais resistentes às turbulências. "As balanças comerciais desses países estão em geral positivas, as reservas estão altas, houve uma redução da dolarização", apontou.
Ao falar dos possíveis choques na economia mundial, o norte-americano elogiou a globalização dos mercados. "A lição é que a integração é positiva no longo prazo. Se as políticas macroeconômicas forem sólidas, os choques não serão severos", afirmou.