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Para enfraquecer "abutres", Argentina compra próprios títulos de dívida

O ministro da Economia argentino, Axel Kicillof, anunciou que o país pretende comprar parte dos títulos de dívida que têm vencimento no ano que vem e que valem US$ 6,7 bilhões. Ele também afirmou que a Argentina irá emitir novos papéis, no valor de US$ 3 bilhões.

Os movimentos do governo argentino servem para transmitir ao mercado a ideia de que o país não irá ficar sem reservas internacionais e que não tem tanta urgência para acertar suas contas com os fundos abutres.

Os detentores dos títulos que o governo quer readquirir não são forçados a vender, pois será algo voluntário a ser realizado entre os dias 10 e 12 de dezembro. A oferta da Argentina é pagar US$ 97 por títulos que têm valor nominal de US$ 100. No mercado secundário, o valor é de US$ 98. A vantagem, para o eventual vendedor, é a certeza de que receberá, afirmou Kicillof.

Se os credores preferirem, podem trocar esses títulos por um outro tipo de papel de dívida do governo, cujo vencimento é mais distante, em dez anos, e que rendem 9,75% ao ano.

Esse título, com vencimento em 2024, foi emitido inicialmente para pagar a expropriação da YPF. Agora, Kicillof anuncia uma nova emissão, no valor de US$ 3 bilhões.

Com isso, o governo consegue gerenciar sua dívida, cujo pagamento está bloqueado por uma decisão do juiz de Nova York Thomas Griesa.

Em junho, ele decidiu que a Argentina só pode honrar os compromissos com seus credores se acertar as contas com um pequeno grupo de detentores de títulos que estão sem ser honrados desde 2001.

Naquele ano, o país deu um calote total nos seus compromissos financeiros. Depois, em 2005, procurou seus credores para voltar a pagá-los. A reestruturação consistiu em voltar a fazer os pagamentos, mas por apenas 30% do valor da dívida anterior. A grande maioria dos detentores de títulos, formada por 92% deles, aceitou.

Uma parte dos que ficaram de fora, chamados de "abutres", processou o governo. Griesa decidiu que a Argentina só poderá seguir pagando aos credores da dívida reformada caso acerte as contas com dois fundos de investimentos, o NML e o Aurelius, que são donos de cerca de US$ 1,3 bilhão em títulos antigos.

O governo argentino se recusa e um dos argumentos que usa é que no contrato da dívida reformada há uma cláusula que estende a todos os credores a melhor condição de pagamento. Essa regra deixa de valer em janeiro e, no mercado, especula-se que a Argentina vai acertar sua dívida com esses credores em litígio a partir do mês que vem.Os anúncios feitos na quinta-feira (4) dão ao país uma posição mais confortável para negociar com os "abutres", pois terá diminuído a quantidade de títulos que não podem ser pagos pela decisão de Griesa e emitido dívida nova.

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