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O aumento no número de passageiros transportados por via terrestre no fim do ano passado não deve estancar a perda constante de rentabilidade do setor, na visão de especialistas. Os números parecem bons: viajam de ônibus 12 milhões de pessoas por mês em 240 empresas legalizadas que movimentam R$ 3 bilhões ao ano. Além disso, a participação de mercado no total de passageiros transportados no país é de mais de 90%. No entanto, o número de viagens realizadas caiu 3% entre 2002 e 2005, ano do último levantamento da Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT).

A Direkt, empresa gaúcha de marketing, realizou uma pesquisa sobre isso no ano passado, antes do início do apagão aéreo. Constatou que 3 milhões de pessoas por ano mudam do ônibus para o avião. "Essa troca costuma ser definitiva, porque o consumidor muda de padrão de exigência", diz Vicente Criscio, presidente da Direkt.

De acordo com a pesquisa, que ouviu 2 mil pessoas que viajam a passeio com freqüência, o avião fideliza 74% das pessoas que o utilizam, enquanto o ônibus retém apenas 53%. Significa que só a metade dos que viajam por via terrestre repetem esse meio de transporte na viagem seguinte. Para Criscio, o setor rodoviário corre o risco de ficar estagnado nos próximos sete anos e, depois disso, perder clientes em massa. "A tendência é se concentrar nas classes mais baixas, que viajam pouco e fazem trechos menores."

O diretor-superintendente da Associação Brasileira de Transporte Terrestre de Passageiros, José Luiz Santolin, relaciona as perdas do setor com a descentralização das indústrias e a criação de novos meios de comunicação, como a videoconferência, que vêm cortando o número de viagens de trabalho. Ele destaca ainda as condições precárias de segurança e infra-estrutura das estradas, que assustam o usuário. "Também somos prejudicados pela isenção de imposto que beneficia o setor aéreo, enquanto nós transportamos a população mais pobre e não temos essa vantagem", diz.

Para completar, o analista de transportes do banco Santander, Caio Dias, argumenta que as companhias aéreas perderam menos espaço no fim do ano do que se imagina. "A crise já ficou para trás e a demanda é crescente", diz. Em janeiro deste ano, a média de ocupação das aeronaves da Gol Linhas Aéreas foi de quase 77%. Em janeiro de 2005, estava em 73%. Na TAM houve queda de uma ano para outro, mas a ocupação é boa, com 74%.

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