Em mais uma tentativa de aumentar a safra de cana de açúcar no país, e com isso conseguir maior oferta de etanol no mercado, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) reduziu os juros do Prorenova, programa de apoio à renovação e implantação de novos canaviais lançado no não passado e que não vem conseguindo atrair produtores.
Os juros caíram de cerca de no mínimo 6,8% para 5,5% ao ano. Antes, além da TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo), de 5% ao ano, os clientes do banco pagavam remuneração de 1,3% ao BNDES e mais o spread do agente financeiro pelo risco do negócio, taxa que varia entre 0,5% a 2,5%.
As micro, pequenas e médias empresas pagavam um pouco menos, com a remuneração do BNDES limitada a 0,9%.
A medida segue outra adotada pelo BNDES em novembro do ano passado, que liberou a utilização da linha por empresas estrangeiras.
O Prorenova continua com dotação de R$ 4 bilhões em 2013, o mesmo valor oferecido no início do ano passado. Em 2012, apenas R$ 1,38 bilhão foram utilizados dos R$ 4 bilhões oferecidos. Os pedidos de empréstimo podem ser feitos até 31 de dezembro. O prazo de financiamento é de 72 meses, com carência de 18 meses. O aumento da oferta de etanol é necessária para reduzir a demanda por gasolina, que tem causado prejuízo à Petrobras que é obrigada a importar o combustível fóssil.
"A etapa agrícola da produção de etanol representa quase 70% dos custos finais do produto, razão pela qual se espera que, com menor despesa financeira no plantio, haja incremento na capacidade de investimento das usinas e produtores rurais", avaliou o banco hoje em nota.
Para estimular também a inovação, o banco aumentou para 90% a possibilidade da sua participação no financiamento para os produtores que utilizarem tecnologia que ainda não caiu no domínio público.
Para os produtores que utilizarem variedades de cana com domínio público, a participação do banco será de 70%, contra os 80% anteriormente ofertados. O objetivo, explica o banco, é estimular a inovação tecnológica.
"Apesar de haver significativa criação de novas variedades de cana-de-açúcar, essas ainda são pouco difundidas pelo setor, o que pode ser evidenciado pelo fato de que cerca de 40% da lavoura ainda usar variedades de domínio público", informou o BNDES.
Segundo o banco, as variedades de domínio público foram liberadas para o plantio comercial há mais de 15 anos, o que indica acentuada desatualização tecnológica do canavial brasileiro. Essa defasagem seria a causa de menores ganhos de produtividade.
O banco informa ainda que estimativas realizadas pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC) mostrou que as variedades lançadas nos últimos oito anos pelos programas de melhoramento de cana apresentam, em média, produtividade 11,2% superior às variedades liberadas no período 1994-2002.