Na tentativa de evitar um novo reajuste no preço da farinha, que subiu 30% no último ano, o governo federal deu mais dez dias para os moinhos importarem trigo de fora do Mercosul sem pagar imposto de 10%. O prazo limite, que era o fim de julho, foi estendido inicialmente para 31 de agosto e, agora, para 10 de setembro. Além disso, o volume isento foi ampliado de 2 milhões para 2,3 milhões de toneladas.
Como não reduz os custos atuais, a medida não tem potencial para baixar preços, segundo o setor de panificação. O último reajuste na farinha, de cerca de 10%, ainda não teria sido repassado para os derivados, como pães e biscoitos. Isso deve ocorrer no início de setembro, conforme o Sindicato das Indústrias de Panificação e Confeitaria do Paraná.
Importações
Com as perdas climáticas na América do Sul, o Brasil precisa ampliar as compras da América do Norte para, pelo menos, controlar a inflação no preço do pão e outros derivados da farinha. Dos 2,3 milhões de toneladas a serem importados sem imposto, 1 milhão de toneladas já chegaram aos portos brasileiros. Mesmo isento da tributação, o trigo dos Estados Unidos custa R$ 1 mil por tonelada à indústria, 20% mais que o valor pago pelos moinhos antes das quebras.
O Brasil importou 4,1 milhões de toneladas de trigo de janeiro a julho, 570 mil toneladas (ou 16%) a mais que no mesmo período de 2012. A tendência é de que os 6,44 milhões de toneladas importados no ano passado sejam superados, a não ser que os preços reduzam o consumo.
A Argentina continua sendo a principal fonte externa do cereal para o abastecimento brasileiro, apesar de as vendas terem sido interrompidas em julho por Buenos Aires, que também tenta administrar a escassez do alimento.
A importação de trigo argentino até julho foi de 2,5 milhões de toneladas, ante 2,8 milhões de toneladas do mesmo período do ano passado. Nessa mesma comparação, as compras dos Estados Unidos passaram de 17 mil para 991 mil toneladas.
O governo federal espera que a oferta interna de trigo aumente nas próximas semanas, quando a colheita do Oeste do Paraná e do Paraguai deve engrenar. Essa região teve quebra de mais de 50% e enfrenta geada novamente nesta semana. A nova safra da Argentina só deve chegar em novembro.
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