O volume de água nos reservatórios do sistema Sudeste/Centro-Oeste terá de dobrar até abril para livrar o Brasil de um novo racionamento de energia elétrica, se for levado em conta o cálculo do ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga. Hoje, as represas estão em 17,28% da capacidade e precisam chegar a, pelo menos, 35% para aguentar a demanda entre maio e novembro (quando o volume de chuvas é menor) e não cair abaixo do limite de 10% estabelecido na quinta-feira por Braga para a adoção de racionamento.
No período seco, o nível dos reservatórios costuma cair, em média, 31 pontos porcentuais, segundo levantamento feito pelo Estado, com base em dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) entre 2010 e 2014. Mas, como o desempenho da economia será fraco neste ano, a expectativa é de que o comportamento das represas siga o ritmo dos dois últimos anos, quando o volume de água armazenada recuou em torno de 22 pontos.
Portanto, se as chuvas dobrarem o nível atual dos lagos, as hidrelétricas terminarão o período seco um pouco acima do limite de 10%. O problema, porém, é que as previsões climatológicas não apontam para chuvas acima da média. Segundo o meteorologista da Climatempo, Alexandre Nascimento, devem ficar entre 70% e 80% do volume normal previsto para fevereiro.
"Teremos chuvas nos próximos dez dias, mas serão pancadas localizadas, muito ruins para o enchimento de reservatórios." Segundo Nascimento, a situação é preocupante, já que o ponto de partida das represas está muito baixo - o que exigiria muita chuva. Além disso, o calor intenso deste verão tem provocado recordes de consumo e deteriorado o volume das represas num momento em que elas deveriam acumular água. Em 20 dias, o nível caiu 2,01 pontos porcentuais.
Algumas hidrelétricas, como Nova Ponte, Itumbiara e Furnas, estão com o armazenamento pouco acima de 10%. Com menos água no reservatório, a potência das turbinas cai e a capacidade de produção diminui, deixando o País vulnerável a apagões, como o que ocorreu na segunda-feira passada e deixou dez Estados e o Distrito Federal sem luz.
Naquele momento, houve um pico de consumo, causado pelo calor, e o Brasil não tinha energia suficiente para atender à demanda.
Com o armazenamento no limite, não se pode descartar novos apagões até o fim deste verão, uma vez que, nos últimos dois anos, os picos de consumo ocorreram em fevereiro, afirma o presidente do Instituto Acende Brasil, Claudio Sales.
Na opinião dele, a atual crise de abastecimento é resultado de uma conjunção de problemas que vêm se acumulando ao longo dos últimos anos, sem reação por parte do governo.
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