O governo federal avalia que o mercado já começou a "testar" a barreira do dólar a R$ 2,50. A cotação do dólar chegou a R$ 2,47 na manhã de segunda-feira, 29, a maior cotação desde dezembro de 2008, auge da crise mundial. Parte importante da motivação por trás desse movimento cambial deve-se à "especulação" com o cenário eleitoral, entendem fontes da equipe econômica e do Palácio do Planalto consultados pelo Estado.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, admitiu ontem que sobre a cotação do dólar "pode ter algum efeito de movimento doméstico, pois é sabido que alguns agentes utilizam a disputa para mexer no mercado". Na Fazenda, avalia-se que esse movimento, classificado como "tensão cambial", pode se prolongar até o fim do segundo turno das eleições.
Ao menos três fontes graduadas do governo citaram o caso das eleições de 2002, quando o mercado levou a cotação do dólar a R$ 3,99 justamente por causa do acirramento eleitoral. A partir de 2003, após o PT assumir o governo com a chamada "Carta aos Brasileiros", o real iniciou um longo período de valorização até 2011, intervalo interrompido brevemente pela crise global iniciada em 2008.
A forte desvalorização verificada entre outubro e dezembro de 2008, no entanto, teve dois efeitos distintos na economia. Por um lado, colocou em situação financeira muito complicada empresas que haviam feito grandes apostas na valorização da moeda brasileira por meio de contratos futuros de câmbio. Por outro lado, a desvalorização reduziu o passivo externo brasileiro, provocando uma queda da dívida pública.
O governo avalia que são remotas as chances de novas empresas sofrerem com a desvalorização recente. A perda de valor do real não tem sido tão rápida quanto foi no fim de 2008, em parte por causa das intervenções diárias do Banco Central. Além disso, as empresas estão mais cautelosas quando o assunto é mercado financeiro.
Intervenção
É grande a importância dada ao trabalho do BC no mercado cambial. Desde agosto do ano passado, o BC iniciou uma política de venda diária de contratos de entrega futura de dólares. Esses contratos, os "swap cambiais", têm atenuado movimentos mais bruscos na cotação da moeda brasileira.
Questionado ontem algumas vezes sobre a alta recente do dólar, o diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton, disse que o banco não questiona o fato de que o câmbio tem repercussão na inflação, mas certamente o repasse do câmbio é bem menor hoje do que há 15 anos. "Houve aprendizado importante dos agentes sobre o tema a respeito de como o câmbio flutuante funciona", lembrou. "Temos de ver como isso vai evoluir." Hamilton lembrou, ainda, que a situação de hoje é diferente do cenário até 1999, quando ainda imperava o regime de câmbio administrado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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