Janet Yellen, indicada ao comando do Fed (banco central americano) e atualmente vice-presidente da instituição, foi sabatinada nesta quinta-feira (14) no Senado dos EUA, por representantes do governo e da oposição. Um dos pontos mais abordados foi a situação da economia americana e o início do corte dos estímulos econômicos no país, aguardado não somente nos EUA, mas nos mercados internacionais.
Desde 2009, o BC americano injeta, mensalmente, US$ 85 bilhões na economia por meio da recompra de títulos públicos e parte desse dinheiro se reverte em investimentos fora dos EUA -em países como no Brasil.
A retirada desse incentivo, prevista por muitos analistas ainda para este ano, reduziria o volume de dinheiro disponível para essas aplicações. E, no Brasil, a perspectiva de menos entrada de dólares no mercado local contribui para empurrar o preço do dólar para cima em relação ao real.
Na sabatina, Yellen disse que "há dois riscos: o de cortar o programa de estímulo cedo demais, e o risco de demorar muito para cortá-lo". E a indicada ao Fed acrescentou: "temos que assegurar que vamos fazer isso no melhor momento."
Yellen também afirmou que a economia [dos EUA] está significativamente mais forte e continua a melhorar. O setor privado criou 7,8 milhões de vagas desde a forte queda no nível de empregos após a crise, em 2010.""Fizemos um bom progresso, mas ainda temos que ir além para recuperar o que foi perdido na crise e na recessão. O desemprego está menor do que o pico de 10%, mas a taxa de 7,3% vista em outubro ainda é muito alta", acrescentou. E ainda: "Não tenho um número. Mas pesquisas de opinião de setembro mostraram que o ideal seria entre 5% e 6% de desemprego no país."
Yellen também afirmou: "É difícil. A melhora do mercado de trabalho é uma chave: com mais emprego, as pessoas terão mais dinheiro, as empresas vão produzir mais, a economia vai crescer, haverá mais treinamento de pessoal. Enfim, uma coisa puxa a outra".
Bancos
Questionada sobre o papel do Fed na prevenção da crise financeira global deflagrada em 2008 pelo alto endividamento das famílias no setor imobiliário e de instituições financeiras de grande porte, Yellen disse: "Sim, poderíamos ter mantido um controle maior das atividades, principalmente das grandes instituições financeiras, para evitar a crise. Aprendemos muitas lições." "Eu acredito que o Fed fez grande progresso para atingir seus objetivos, mas ainda há muito o que fazer", acrescentou. Yellen diz que é "imperativo" promover recuperação bem forte
Janet Yellen defendeu fortemente nesta quinta-feira as medidas audaciosas do Federal Reserve para estimular o crescimento econômico, chamando os esforços para impulsionar as contratações de "imperativos" em audiência sobre sua indicação para se tornar a primeira mulher a comandar o banco central norte-americano.
Respondendo a perguntas perante o Comitê Bancário do Senado dos EUA, Yellen deixou claro que irá continuar com a política monetária extremamente expansionista até que as autoridades estejam confiantes de que uma recuperação econômica duradoura está em ação para poder sustentar a criação de empregos. "Eu considero imperativo que façamos o que pudermos para promover uma recuperação bem forte", disse Yellen, atualmente vice-chair do Fed.
Ela disse que as compras de título pelo Fed, que alguns republicanos temem possa acelerar a inflação ou criar bolhas de ativos, não podem durar para sempre, mas deixou claro que qualquer decisão de reduzir as compras, atualmente de 85 bilhões de dólares por mês, será definida por dados econômicos.
O Fed tem mantido as taxas de juros perto de zero desde o fim de 2008 e quadriplicou seu balanço patrimonial para 3,8 trilhões de dólares através de três rodadas de compras de títulos, ou "quantitative easing" (QE). Na reunião do banco em outubro, o Fed manteve as compras no ritmo atual.
Investidores de ações e títulos receberam positivamente o compromisso de Yellen para conduzir uma recuperação mais forte. As ações norte-americanas atingiram as máximas do pregão enquanto ela falava, com o S&P 500 registrando máxima recorde.
Contudo, analistas disseram que ela simplesmente reforçou as expectativas de que irá favorecer a continuidade das políticas do atual chairman do banco, Ben Bernanke, cujo mandato termina no fim de janeiro. "Ela não revelou nada em específico em relação ao cronograma de qualquer redução no QE", disse o economista-chefe da Investec, Philip Shaw. "Parece que a política permanece conduzida por dados por enquanto".
Indicada em outubro pelo presidente dos EUA, Barack Obama, para substituir Bernanke no comando do Fed quando o mandato dele terminar, Yellen é vista como uma autoridade com inclinação flexível quanto à política monetária, e a ênfase dela no custo elevado do desemprego irá reforçar essa reputação.
O comitê bancário, onde os democratas de Obama ocupam 12 dos 22 assentos, precisa avaliar as credenciais dela para que se torne a autoridade econômica mais poderosa do mundo, antes da indicação dela ser enviada para todo o Senado para consideração. Apesar das preocupações de alguns republicanos de que ela pode não ser rígida o suficiente com a inflação, ela deve receber a confirmação sem drama. Ainda não é claro quanto os parlamentares irão debater e votar a aprovação dela.
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