O coordenador do grupo de análises e previsões do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Roberto Messenberg, afirmou nesta quarta-feira que o mercado financeiro está fazendo terrorismo com a possibilidade de estouro da inflação. Segundo ele, não há chances de hiperinflação no Brasil e a estratégia alarmista é movida pelo temor em relação à nova agenda socioeconômica do governo Dilma Rousseff.
"Não há, nos fundamentos da nossa economia, possibilidade de que a inflação saia de controle", diz. "Esta é uma estratégia terrorista das instituições financeiras para sabotar as mudanças da agenda econômica do Brasil, que caminha na direção contrária de seus interesses", afirmou, em coletiva no Rio de Janeiro.
O Ipea prevê que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fique entre 5% e 6% em 2011, acima do centro da meta (4,5%), mas dentro do teto estabelecido pelo governo (6,5%). Para o Ipea, o governo deve focar agora na elevação dos investimentos.
O economista diz que não se deve confundir elevação do nível de preço com inflação. Para ele, está havendo uma mudança de preço relativa no Brasil, sem aumentos generalizados.
Messenberg afirma que há um efeito transitório da inflação causada pela valorização do real sobre o dólar e pela relação entre a inflação em moeda nacional e em moeda estrangeira. Segundo ele, há uma contaminação da inflação em moeda estrangeira sobre a moeda nacional. O economista diz não haver chances de hiperinflação num cenário de apreciação do real.
"Vamos ter que conviver alguns meses com uma taxa de inflação mais salgada", diz. "Não vejo desarranjo da política econômica, ou improvisos. Estamos muito bem".
Segundo ele, nunca houve uma política monetária tão boa para o Brasil e prova disso são os recentes relatórios do Fundo Monetário Internacional (FMI) e da agência de classificação de risco Fitch, com avaliações positivas sobre o país.
"Isso, é claro, leva à insatisfação de governos anteriores", diz citando o governo Fernando Henrique e o primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, que, em sua avaliação, foi obrigado a herdar a política econômica do governo anterior.
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