De olho em retomar um projeto de avião supersônico, a Boeing acaba de fazer um “investimento significativo” na startup Aerion, para desenvolver e comercializar o jato executivo supersônico AS2. O anúncio foi feito pelas companhias nesta terça-feira (5). O anúncio vem à tona dias após expirar um contrato da Aerion com a Lockheed Martin, concorrente da Boeing que compete de perto no segmento aeroespacial de defesa, mas tem relativamente poucos negócios de aviação comercial.
A nova parceria dará à Aerion financiamento extra, mas também acesso aos ativos de engenharia, fabricação e testes de voos da Boeing — mais sintonizados com o mercado comercial.
Um porta-voz da Aerion disse que a Boeing terá dois assentos no conselho da empresa. O que indica que a gigante da aviação está disposta a gastar tempo e dinheiro para ter uma participação de longo prazo na startup. Os detalhes do acordo não foram divulgados.
“Por meio desta parceria, que combina a experiência supersônica da Aerion com a escala indústria global e experiência em aviação da Boeing, nós temos a equipe certa para construir o futuro da aviação supersônica sustentável”, declarou o vice-presidente da Boeing, Steve Nordland, em comunicado. Nordland não estava disponível para uma entrevista, disse uma porta-voz da Boeing.
As duas empresas vão tentar recriar um mercado para aeronaves supersônicas que vive um vácuo desde que o europeu Conrcorde se “apostentou”, em 2003, em meio a uma queda no número de vendas e custos cada vez maiores. As duas companhias esperam que o AS2 esteja pronto para fazer seu primeiro voo até 2023, quando pretende iniciar uma “nova era de viagens supersônicas”. A expectativa é entregar 300 aeronaves na primeira década de produção.
O sucesso, no entanto, vai depender tanto da economia quanto da capacidade de superar desafios de engenharia. O AS2, com capacidade para 14 pessoas, está avaliado em cerca de US$ 120 milhões, quase o dobro do oferecido pela Gulfstream, subsidiária da General Dynamics .
A eficiência de combustível também pode ser um obstáculo, dizem os analistas aeroespaciais, já que os motores de alta potência necessários para operar em velocidades supersônicas criariam custos extras para as companhias aéreas.
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O número de clientes também é limitado, já que o departamento de Aviação dos EUA proíbe a utilização de jatos supersônicos na aviação comercial devido aos estrondos sônicos que ele produz.
A Aerion pretende enfrentar estes desafios construindo seu próprio motor à jato supersônico, projetado para ser mais silencioso e eficiente do que os concorrentes. O motor está sendo produzido em parceria com a GE Aviation.
O AS2 foi projetado para sobrevoo em velocidade de até Mach 1.4, que é cerca de 70% mais rápido do que os atuais jatos executivos existentes, chegando a 1.000 milhas por hora. Sua velocidade supersônica, em tese, entraria em ação ao sobrevoar o mae, o que permitiria voos intercontinentais mais rápidos.