Ibovespa recua após reeleição de Dilma; Petrobras PN despenca 12%
A Bolsa de Valores está em queda nesta segunda-feira após a reeleição da presidente Dilma Rousseff no domingo, com investidores preferindo a ponta vendedora enquanto aguardam novidades sobre como a petista vai lidar com desafios relevantes no campo econômico em seu segundo mandato.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta segunda-feira (27) durante a primeira entrevista após a reeleição da presidenteDilma Rousseff, que está feliz com o resultado das eleições. Segundo ele, depois das eleições tudo fica mais fácil porque se tem o fim das disputas. Ele observou ainda que após o pleito há o fim da paixão e a volta da racionalidade. "Isso (o resultado das urnas) mostra que a população está aprovando a políticas que estamos praticando", disse.
Ao mesmo tempo, o Ibovespa perdia 3,24% pressionado pelas ações da Petrobras e de bancos. Somente a petroleira registrava queda de 12% no valor das ações (leia ao lado). O dólar chegou a disparar mais de 4% logo após a abertura dos negócios nesta segunda-feira, indo ao patamar de R$ 2,56 e voltando às máximas desde 2008. Mantega encontrou-se com a presidente Dilma por cerca de uma hora no Palácio do Planalto nessa segunda. A presidente já deu declarações de que Mantega não continuaria na equipe em um segundo mandato.
O ministro argumentou ainda que as eleições provocam volatilidade nos mercados. "Hoje, todas as bolsas estão caindo. Vocês não vão me dizer que é pelo processo eleitoral no Brasil", disse. "Como está tendo queda de commodities no mundo, afeta as ações brasileiras. As eleições também afetam a bolsa. Causam volatilidade de todo tipo. Com o fim da eleição esse cenário tende a amainar", defendeu.
Segundo Mantega, a própria discussão econômica fica mais exacerbada durante a eleição. Ele observou ainda que os pessimistas ficam mais pessimistas e, os otimistas, mais otimistas. "Terminada a eleição, esse cenário tende a se acalmar. Já há uma volta do otimismo da economia", disse.
Novo ciclo de expansão
Mantega disse que o país tem grandes desafios pela frente, para poder entrar em um novo ciclo de expansão da economia brasileira e mundial. Segundo ele, o governo trabalha com cenário adverso. "Estamos trabalhando em cenário adverso, porque a economia mundial não retomou como queríamos", disse.
O ministro também falou em união dos diversos agentes econômicos do governo e dos trabalhadores. "Vamos poder entrar em novo ciclo de crescimento em 2015 se todos os atores da economia estiverem mobilizados nessa direção", disse.
Otimismo
O ministro da Fazenda defendeu ainda que a economia brasileira está voltando a crescer e que o otimismo está retornando. "A economia está voltando a crescer no terceiro trimestre. Gradualmente, é verdade, mas a tendência é que a recuperação continue no terceiro e no quarto trimestres", disse.
Mantega apresentou números para argumentar que está aumentando o otimismo na economia brasileira. "O Datafolha da semana passada indicava que o brasileiro está ficando mais otimista com a economia. É uma pesquisa eleitoral. Em plena eleição foi detectada melhora do humor do brasileiro", afirmou.
Mantega ainda citou que a medida de expectativa do consumidor feita pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) aponta alta de 1,3% de setembro ante agosto. "Tivemos também índice de confiança dos serviços, que de outubro em relação a setembro melhorou 1,2%. Sobre a indústria de transformação, o índice de confiança avançou 1,8%. Isso mostra que a confiança tende a voltar", defendeu.
"Um dado muito importante é a confiança do investidor externo, que subiu o tempo todo. Temos tido índice elevado de IED (Investimento Estrangeiro Direto). A conta financeira de janeiro até setembro é de US$ 78 bilhões de IED. Portanto, mostra que o investidor externo, que olha para médio e longo prazo, está otimista em relação ao Brasil. Não é declaração de opinião, é prática: eles estão colocando o dinheiro deles no Brasil", afirmou.
Sucessão
Questionado sobre sua sucessão, o ministro não quis responder. Disse que a pergunta deveria ser direcionada para a presidente Dilma Rousseff. "Não cabe a mim falar em nome de ministros neste momento", afirmou. Segundo ele, a entrevista desta segunda-feira, 27, foi convocada para falar de propostas. "Nós temos muitas coisas para fazer até o fim do ano, uma série de estímulos foram feitos e outros devem vir. Temos dois meses pela frente de trabalho intenso, até terminar o ano, para que possamos fortalecer os fundamentos e criar as condições para que as empresas e trabalhadores se mobilizem para um novo ciclo de expansão."
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