Ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, busca recuperar apoio dos produtores rurais, em meio ao enfrentamento de críticas por medidas como a importação de arroz após enchente no RS.| Foto: Antonio Araujo/Mapa
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Ao abordar a situação do agro no Rio Grande do Sul pós enchentes e a relação entre produtores e governo, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, disse que o governo espera recuperar aos poucos o apoio dos produtores rurais. Para o ministro, o diálogo vem sendo aprimorado entre os dois lados e “há paz” entre Lula e o agro, setor tradicionalmente apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Mas as alfinetadas em torno de algumas polêmicas continuam.

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O ministro não retira, por exemplo, a controversa fala de Lula de 2023 que associou agricultores ao fascismo. Cerca de um ano atrás, o presidente se referiu aos organizadores da Agrishow de Ribeirão Preto (SP) como "alguns fascistas, alguns negacionistas", após a recusa por parte deles à participação de Fávaro na feira.

Em entrevista à rede CNN Brasil, ao ser questionado se ainda seria possível ouvir o presidente se referindo ao agricultor assim, o ministro respondeu: “Todos que insistirem falando ‘não compre de determinado produtor, determinado sementeiro, porque aquele vota no presidente Lula’, isso vem do fascismo. Ou não vem? Não era assim que se instituiu?”.  

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Para Fávaro, são poucos os produtores que se manifestam dessa forma, “mas muito barulhentos”. “A imensa maioria é gente de bem, trabalhadora, que teve um viés ideológico e eleitoral diferente e a gente respeita. Mas aquele que quer botar a estigma de represália só porque pensa diferente, não vejo por que não ser chamado de fascista”, afirmou.

Mesmo com os entraves, Fávaro considera que o governo tem avançado na desmitificação da visão do agro enquanto vilão do meio ambiente, e assume que o Código Florestal Brasileiro, embora seja dos mais modernos do mundo, precisa de aprimoramentos. “Não significa precarizar, mas reajustar e ter aplicabilidade. É papel do Congresso o debate.”

Importação de arroz e reconstrução do RS

O ministro respondeu ainda às críticas que o governo recebeu da bancada do Agro no Congresso ao anunciar a importação de um milhão de toneladas de arroz para vender diretamente em mercados do país, com rótulo próprio, antevendo um suposto desabastecimento por conta das cheias no Rio Grande do Sul.

Para ele, não basta ter estoque suficiente no estado se a infraestrutura logística está prejudicada. “Teremos política de incentivo aos produtores brasileiros, mesmo com as exportações. Mas é preciso olhar o país como um todo, não podemos deixar a população refém dos especuladores”, disse Fávaro, mencionando a alta dos preços logo após as enchentes e a dificuldade de escoamento da safra colhida. Os parlamentares da oposição criticaram a postura do governo, acusando-o de criar pânico sem necessidade e prejuízo aos produtores riograndenses.

Mas o ministro reconhece que o produtor rural gaúcho precisará de muito mais que incentivos para se recuperar. “A devastação foi gigantesca. Vai ser preciso reconstruir as áreas atingidas com calcário, com fertilizantes, com matéria orgânica”, antecipou.

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Segundo a Secretaria de Estado da Agricultura do Rio Grande do Sul, 3,2 milhões de hectares de cultivo foram prejudicados pelas enchentes, o que significa uma ameaça iminente de redução na produção de culturas como arroz, soja, milho, uva e tabaco.

Além de condições para a recuperação, Fávaro afirma que outras medidas devem ser adotadas, como uma ampliação significativa do seguro rural. “Imagine o produtor gaúcho sofrer outra intempérie climática este ano? Ele não suporta mais. Os produtores devem estar cobertos e com condições especiais, com subvenção ao prêmio”, disse, referindo-se ao programa que permite fazer o seguro da produção com ajuda de custos do governo.

Segundo o ministro, o Rio Grande do Sul deve receber um incremento nos recursos para o seguro da ordem de R$ 1 bilhão para algo em torno de R$ 2 a R$ 3 bilhões. Medida que estaria sendo negociada com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. “E também precisa mais R$ 2 ou R$ 3 bilhões para apoio à comercialização”, complementa.