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NEGOCIAÇÃO SALARIAL

Para não demitir em Curitiba, Volvo propõe PLR menor e reajuste sem ganho real

Segundo turno da produção de caminhões em Curitiba será encerrado na segunda-feira | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
Segundo turno da produção de caminhões em Curitiba será encerrado na segunda-feira (Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo)

Após uma série de quedas bruscas na produção e venda de caminhões e ônibus nos primeiros meses do ano, a Volvo antecipou, nesta quinta-feira (7), a proposta de negociação dos salários e Participação nos Lucros e Resultados (PLR) dos quase 4 mil trabalhadores da fábrica em Curitiba. A data-base da categoria é em setembro.

A empresa propõe não fazer demissões até o fim do ano, se os trabalhadores aceitarem reduzir em 50% o potencial máximo do PLR - de R$ 30 mil para R$ 15 mil - e reajustar os salários menores de R$ 7 mil apenas com a reposição da inflação do período. Para os salários maiores, a proposta é um aumento de valor fixo com base no INPC.

Em nota, a Volvo afirma que as medidas visam a adequação à crise no mercado e às incertezas na economia. “A empresa terá que encerrar o segundo turno da produção de caminhões, provocando um contingente excedente de 600 funcionários”, diz o documento. O segundo turno será encerrado a partir da próxima segunda-feira (11).

O vice-presidente de Recursos Humanos da Volvo, Carlos Morassutti, afirma que até agora não houve sinalização positiva dos representantes dos trabalhadores sobre a proposta. “Não estamos propondo nada de absurdo. Mesmo em um ano complicado a empresa está disposta a colocar um PLR de R$ 15 mil. Se você olhar o mercado verá que não é ofensa fazer essa proposta” diz. Morassutti afirma a empresa tem o intuito de “preservar as 600 pessoas a mais” com a negociação.

Em entrevista divulgada no site do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, o presidente Sergio Butka, afirma que os trabalhadores da Volvo já rejeitaram a proposta da empresa, em assembleia realizada na noite de quarta-feira (6) e na manhã desta quinta (7). “Precisamos manter o foco na luta pela manutenção dos empregos, mas ao mesmo tempo também não podemos aceitar qualquer tentativa de redução de direitos conquistados com anos de luta”, diz. Butka foi procurado pela Gazeta do Povo, mas não retornou as ligações até o fechamento da reportagem.

Cenário

No fim do mês passado, a Volvo liberou por duas semanas 1,5 mil trabalhadores, a partir do feriado de 21 de abril até o último fim de semana. Além disso, pelo menos 1,7 mil funcionários tiveram férias coletivas em março.

Em abril, a produção de caminhões no Brasil caiu 44,3% sobre o mesmo período do ano passado, para 6.864 unidades, acumulando queda no quadrimestre de 45,2%, de acordo com dados da Anfavea, associação que representa o setor.

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