O presidente mundial da aliança Renault-Nissan, o franco-brasileiro Carlos Ghosn, disse nesta terça-feria (15) durante a inauguração de uma nova fábrica do grupo em Resende (RJ) que a evolução das vendas de automóveis no Brasil está sendo "decepcionante" nos últimos meses, devido a conjuntura econômica. O executivo também está preocupado com o futuro a curto prazo. "O crescimento do setor automotivo deverá ser muito pequeno em 2014, e isso deve se repetir em 2015. Mas estamos investindo para os próximos dez anos, é um tipo de ação que não pensa só no imediato."

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No ano passado, as vendas de carros de passeio e comerciais leves sofreram a primeira retração desde 2003. De acordo com dados divulgados pela Fenabrave (federação nacional dos distribuidores de veículos), foram comercializadas 3,57 milhões de unidades, redução de 1,6% nos emplacamentos na comparação com 2012.

As montadoras que investiram no aumento da capacidade projetavam que o país apresentasse um crescimento expressivo até 2017, quando o mercado consumiria algo em torno de 6 milhões de carros por ano.

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A fábrica que a Nissan inaugurou hoje no Rio foi anunciada há cerca de dois anos e custou R$ 2,6 bilhões. A unidade irá produzir a versão nacional do compacto March, atualmente importado do México.Ghosn também relembrou o episódio da criação de cotas para produtos importados do Mercosul, imposto pelo governo no fim de 2012 e que limitou a expansão da montadora de origem japonesa no Brasil. "As regras mudaram e acabaram atropelando o crescimento [local] da Nissan. Nosso objetivo global é o de aumentar a localização da produção em todas as regiões onde atuamos. Na China, 93% do conteúdo é produzido localmente. No Brasil, queremos chegar a 60% este ano e a 80% em 2016.Ninguém quer correr o risco das variações do câmbio, o que aumenta a importância das fábricas regionalizadas."

Além do March, a Nissan irá nacionalizar o sedã Versa. A empresa também estuda ampliar seu portfólio de produtos no país. A empresa estima ter capacidade para produzir 200 mil automóveis e igual número de motores por ano, e tem a ambição de passar a Honda e a Toyota para ser a marca japonesa mais vendida do Brasil, conquistando 5% do mercado nos próximos anos --hoje tem 1,9% somando veículos de passeio e comerciais leves.

O executivo disse ainda que o Brasil pode atingir o padrão europeu de dois habitantes para cada carro nos próximos dez a 15 anos, dependendo do nível de carga tributária no país.