Cinco meses depois de pedir demissão do cargo de ministro da Agricultura, que ocupou durante três anos e meio, o agrônomo e professor de cooperativismo Roberto Rodrigues tem um projeto ambicioso para o Brasil – que envolve governo, produtores agrícolas e investidores internacionais. Em passagem por Curitiba ontem, para uma palestra a agropecuaristas na Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), Rodrigues empunhou a bandeira da agroenergia como alavanca para o desenvolvimento brasileiro e disse que o país deve "liderar um processo mundial de mudança de civilização: da civilização do petróleo para a (da energia) renovável".

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Rodrigues se dedica agora a projetos que envolvem parceiros de peso, como a Fundação Getúlio Vargas (FGV) e a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Na FGV, toma posse terça-feira como diretor do recém-criado Centro de Estudos do Agronegócio. Na Fiesp, vai presidir o Conselho Superior de Agronegócios. Ele fez questão de deixar claro que seu foco continua sendo a agricultura: "Não me vendi para a indústria."

A estratégia de Rodrigues é criar uma coordenação forte "governamental e privada". Além disso, afirma, a agroenergia precisa essencialmente de investimento em tecnologia. O ex-ministro tenta criar um fundo para investimento em agroenergia, com dinheiro do Brasil e de fora, a ser lançado em dois meses. Ele disse que todos os setores interessados em investir em energia podem participar, inclusive cooperativas agrícolas do Paraná.

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"O sistema cooperativista do Paraná já tem experiência nessa área. Algumas já montaram destilaria de álcool. Hoje já estão pensando em biodiesel. O Paraná, sem dúvida, tem um potencial importante. Até porque, esse é um mecanismo de agregação de valor (aos produtos agrícolas)." Ele não confirmou a informação já divulgada de que o fundo tem meta de arrecadar US$ 200 milhões. Sem citar valor, disse que o bolo de recursos será composto pelo "quanto for possível levantar".

Para o ex-ministro, esses investimentos podem ajudar a corrigir um grande erro da civilização, o de basear a produção numa fonte de energia como o petróleo, "fóssil, finita, mal distribuída e mal gerenciada".