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Lucro social

Para se manterem, associações pedem lei que amenize seus obstáculos

A maioria das empresas da economia solidária enfrenta três grandes obstáculos, de acordo com o diretor de fomento da Secretaria Nacional de Economia Solidária (Senaes), Dione Manetti: crédito, comercialização e formação. "O sistema financeiro não empresta dinheiro para quem não tem patrimônio", diz Manetti. "Quanto à comercialização, há uma grande necessidade de se construirem espaços que recebam e escoem produtos de vários grupos da economia solidária, para que ela ganhe espaço e visibilidade."

Do ponto de vista da formação, completa o diretor da Senaes, "é preciso que os trabalhadores entendam que o desafio não é só viabilizar um empreendimento, mas principalmente gerar melhores condições de vida para eles e suas comunidades".

Para Antoninho Caron, professor de Estratégias Empresariais e Negociações Internacionais da UniFAE, uma saída para a dificuldade de crédito está na parceria entre os empreendimentos solidários. "Uma cooperativa que compre insumos da outra e que tenha recursos em caixa pode pagar antecipadamente pelo suprimento. Assim, dá à fornecedora capital de giro para que a ela toque seus negócios", diz.

"Outra situação: aquela que vende pode oferecer pagamento a prazo. Assim, sua parceira poderá comprar a matéria-prima, transformá-la e comercializá-la, obtendo assim o capital de giro que precisa." Tudo isso, explica Caron, ajuda o empreendedor a fugir dos juros do financiamento bancário.

Tributos

Uma das principais reivindicações dos empreendedores é a aprovação de uma lei especial para as cooperativas "solidárias", que leve em conta suas dificuldades. Um dos pontos que precisam ser reavaliados com a maior urgência são os altos impostos, diz Carlos Fontana, presidente da fábrica recuperada Cooperbotões, de Curitiba.

Mas essa conquista não deverá ser fácil. Tudo aponta para um embate entre cooperativas tradicionais e solidárias quando for apreciado, no Congresso, um projeto de lei do senador paranaense Osmar Dias. A proposta do senador é atualizar a Lei do Cooperativismo, que já tem 35 anos. No entanto, agricultores familiares lutam contra a manutenção da "unicidade de representação" – princípio segundo o qual todas as cooperativas devem ser representadas por um único órgão. No caso, a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB).

A OCB insiste na unicidade e ameaça não apoiar o projeto caso ele não seja "do interesse do movimento cooperativista". "Não queremos substituir ou bater de frente com a OCB. Queremos apenas uma representação que espelhe a nossa realidade", explica o presidente da União Nacional das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes-PR), Ademir Dallazen. "Ao contrário das grandes cooperativas, as pequenas não têm nem patrimônio. E isso precisa ser levado em conta na discussão de uma nova lei."

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