Ao rebaixar o Brasil pela segunda vez, a Standard & Poor’s (S&P) traça um cenário sombrio para a as contas públicas e atividade econômica nos próximos anos. A agência prevê que o país terá déficit fiscal primário de 1,3% do PIB este ano e um ligeiro superávit de apenas 0,7% do PIB em 2017. A crise da Petrobras é outra fonte de preocupação no que diz respeito às contas públicas. O elevado endividamento da companhia é considerado “um passivo em potencial”.
O relatório da S&P destaca que a estatal tem uma dívida cujo valor representa 7% do PIB brasileiro. Por isso, segundo a agência, “é muito provável que haja um suporte extra do governo” à Petrobras, caso a estatal precise.
Petrobras e mais 35 empresas e bancos têm nota rebaixada pela S&P
Leia a matéria completaA agência destaca que decisões políticas tomadas no primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff “afetaram o sentimento dos empresários as perspectivas de investimentos” e que o processo de impeachment abala a confiança empresarial. “É difícil vislumbrar um retorno do Brasil ao crescimento econômico positivo, a não ser que haja uma diminuição nas incertezas políticas”.
Por isso, a agência prevê que o PIB vai cair 3,6% este ano e que o Brasil só voltará a crescer em 2017. E a Petrobras também vai afetar a atividade econômica. “As incertezas e os efeitos associados às investigações de corrupção e a redução dos investimentos da Petrobras e dos seus fornecedores levam o crescimento para o terreno negativo”.
A S&P, porém, destaca como positivo o ajuste nas contas externas do país, que está ocorrendo mais rapidamente do que o previsto.
Para analistas, o rebaixamento já era esperado. “Não houve surpresa nenhuma, dada a situação fiscal do país e a falta de perspectiva de uma melhoria. A S&P já tinha colocada a nota do Brasil com possibilidade de uma revisão para baixo e só usou essa prerrogativa”, afirmou Jankiel Santos, analista-chefe do banco Haitong Investimentos.
Em relatório, o banco Barclays afirma que a nota do Brasil poderá ser rebaixada novamente pela S&P até o fim deste ano. O Barclays lembra ainda que o rebaixamento deverá gerar uma onda de revisões nas notas das companhias brasileiras.
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