Ribeirão Preto – As quedas nos preços do açúcar e do álcool no mercado interno para, respectivamente, os valores nominais mais baixos deste junho de 2004 e novembro de 2005, mostram a falta de estratégia do setor sucroalcooleiro, afirmam os usineiros Cícero Junqueira Franco, do Grupo Vale do Rosário, e Maurílio Biagi Filho, da holding Maubisa.

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Ontem, o indicador do açúcar cristal calculado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP) fechou a R$ 23,95 a saca de 50 quilos. Os preços do álcool despencam desde o início da safra no Centro-Sul. O litro do anidro foi vendido a R$ 0,67 e o do hidratado a R$ 0,58, em média, nas usinas paulistas na semana passada.

Para Biagi, o cenário atual é uma conseqüência do erro cometido pelo setor sucroalcooleiro entre meados de 2005 e o início de 2006, quando a produção de açúcar brasileira foi priorizada em detrimento da do álcool, ante a expectativa, concretizada, de alta no mercado internacional da commodity. "O erro foi nosso, pois deixamos de produzir para o mercado interno 2 bilhões de litros de álcool, entre o que o consumidor poderia absorver e o que deixou de ser consumido quando o preço do combustível disparou (no início de 2006)", disse o empresário.

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O usineiro lembra ainda que os indicadores no início da safra apontam que não há necessidade de o preço do álcool estar no atual nível, pois os estoques estão menores que no ano passado e o consumo em alta. "O que vai ocorrer é, novamente, uma correria no fim da safra e na entressafra, com estoques negativos e a necessidade de uma antecipação de colheita para abril (de 2008)", concluiu Biagi.

Junqueira Franco cobrou a mesma organização que existe entre as distribuidoras de combustível para os maiores comercializadores de álcool. "O preço para o consumidor não caiu tanto quanto para o produtor porque as distribuidoras são articuladas e estão corretas. Se as grandes comercializadoras de álcool das usinas, como a SCA, a Copersucar e a Bioagência, se articulassem, a situação seria diferente", afirmou.

Já a queda no açúcar, além da falta de planejamento citada pelos usineiros, decorre também da pressão do mercado internacional, pois foi criada uma superoferta do produto com a elevação da produção de outros players mundiais, como Tailândia e Índia, justamente após a alta da commodity na safra passada.

Uma pressão altista no preço do álcool no mercado interno deve ocorrer entre esta e a próxima semana com aumento, no domingo na mistura do anidro à gasolina de 23% para 25%, em todo o território nacional.