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Para Zuckerberg, futuro do Facebook não está no feed de notícias, mas em vídeos e “stories”

Mark Zuckerberg, CEO do Facebook. | Drew Angerer/AFP
Mark Zuckerberg, CEO do Facebook. (Foto: Drew Angerer/AFP)

O CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, está apostando o futuro da empresa em vídeos e publicações efêmeras, os chamados “stories”, e não no famoso feed de notícias da empresa. Os investidores estão comprando a visão — por enquanto.

Os novos produtos podem gerar menos dinheiro e roubar a atenção do usuário do fluxo principal de fotos, comentários e anúncios, que é a parte mais lucrativa na rede social, alertou Zuckerberg. Os profissionais de marketing ainda não estão totalmente confortáveis com os novos formatos e 2019 será mais um ano de investimento significativo, acrescentou ele em teleconferência com analistas na terça-feira (30).

Ainda assim, o CEO disse que a oportunidade será maior do que o feed de notícias no longo prazo. O diretor financeiro da empresa, David Wehner, também acalmou a preocupação com os custos no ano que vem; os lucros trimestrais da companhia sugeriram que os negócios estão aguentando bem a série de escândalos e violações de privacidade.

A principal rede social da empresa quase alcançou o ponto de saturação em termos de crescimento, especialmente nos EUA e na Europa. E os novos usuários do Facebook geralmente vivem em mercados de publicidade menos lucrativos. Isso levou a empresa a gastar muito em projetos mais experimentais.

O crescimento futuro da receita depende da capacidade do Facebook de transferir o interesse dos profissionais de marketing para novos anúncios em serviços de mensagens e de espaços de publicidade inseridos nos “stories”, especialmente no Instagram. Nesse formato, os usuários postam vídeos sobre seu dia que desaparecem em 24 horas. Os usuários passam por eles e veem anúncios no meio entre um e outro.

“Sinceramente, mesmo assumindo que chegaremos onde queremos... levará algum tempo e nosso crescimento de receita pode ser mais lento durante esse período”, disse Zuckerberg.

O Facebook Watch e o Instagram TV, os dois serviços de vídeo da empresa, estão bem atrás do YouTube do Google em tamanho, disse Zuckerberg. O formato stories é popular no Instagram e WhatsApp, mas na rede social Facebook está apenas começando a ganhar força. Anúncios desse tipo são difíceis de fazer, acrescentou. Ainda assim, Zuckerberg acha que é assim que os usuários compartilharão informações no futuro.

Resultados positivos, apesar de tudo

Os resultados de terça-feira compraram algum tempo para Zuckerberg trabalhar nas novas iniciativas.

A receita do terceiro trimestre subiu 33%, enquanto o lucro foi de US$ 1,76 por ação, bem à frente das projeções de Wall Street, segundo dados compilados pela Bloomberg. Usuários ativos mensais totalizaram 2,27 bilhões, um aumento de 10% em relação ao ano anterior.

“O Facebook aumentou a receita em um bom ritmo nos importantes mercados dos EUA e Canadá”, disse Debra Aho Williamson, analista da EMarketer. “O Facebook também conseguiu um pequeno ganho de uso nos EUA e no Canadá. Depois do nivelamento que vimos no último trimestre, é um bom sinal.”

Os resultados sugerem que os anunciantes continuam comprando mais anúncios no Facebook. E eles adotaram o Instagram, que recentemente ultrapassou a marca de um bilhão de usuários.

O relatório de ganhos vem uma semana antes de um teste ainda maior para a empresa: as eleições legislativas dos EUA. Os executivos do Facebook citaram seu compromisso de evitar os erros da eleição presidencial de 2016 no país, quando a Rússia realizou uma campanha de desinformação que desestabilizou a política dos EUA. O Facebook vem investindo em segurança e proteção, contratando milhares de pessoas para monitorar reclamações de usuários e investigar atividades incomuns, enquanto aprimora sua tecnologia para derrubar contas e páginas falsas.

Nos últimos meses, o Facebook divulgou mais campanhas de desinformação por parte da Rússia, Irã e atores domésticos. Notícias falsas no Facebook alimentaram a discórdia e até mesmo a violência em alguns países. O problema é mais difícil de rastrear no WhatsApp, que é criptografado de ponta a ponta para que o Facebook não possa ver o conteúdo das mensagens.

O Facebook tem trabalhado para restaurar a confiança dos usuários após um escândalo em março sobre dados de usuários que um desenvolvedor de aplicativos compartilhou com um consultor político — um incidente que levou Zuckerberg a testemunhar perante o Congresso em abril.

Mais recentemente, a empresa enfrentou seu maior vazamento de dados de todos os tempos. Cerca de 29 milhões de pessoas tinham informações confidenciais, como o histórico de pesquisa e o histórico de check-in da localização, acessadas por hackers.

Ainda assim, alguns analistas acreditam que os negócios do Facebook podem continuar a prosperar.

“O ano de 2019 será decisivo, já que o crescimento da receita acelerará se o Facebook conseguir executar”, escreveu Jitendra Waral, analista da Bloomberg Intelligence, em uma nota para clientes.

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