Será realizada uma auditoria das contas da hidroelétrica de Itaipu por meio da controladoria e da procuradoria geral da Nação. O anúncio foi feito nesta segunda-feira pelo novo diretor paraguaio da represa, Carlos Mateo. "Nos comprometemos a facilitar toda a informação sobre Itaipu à controladoria, à procuradoria geral, ao Senado e à Câmara dos Deputados assim que solicitarem", disse o funcionário.
A administração paraguaia da usina binacional, sobre o rio Paraná e na fronteira entre Brasil e Paraguai, jamais, segundo informações da agência de notícias AFP, abriu as contas de Itaipu ao controle externo, desde a assinatura do tratado, entre os ditadores militares Alfredo Stroessner e Garrastazú Medici, em 1973.
O novo presidente do Paraguai, Fernando Lugo, prometeu em sua campanha eleitoral tornar transparente a administração de Itaipu, considerada como um dos principais focos de corrupção do país.
Mateo disse que já acertou com seu homólogo brasileiro, Jorge Samek, a divulgação de todos os dados necessários para tornar a administração da hidroelétrica transparente.
Segundo Mateo, os funcionários da represa ganham salários "de primeiro mundo". O diretor de Itaipu recebe US$ 16 mil mensais, três vezes mais que o presidente paraguaio. Mateo disse que limpará Itaipu dos funcionários fantasmas, referindo-se a cerca de 500 pessoas que recebem salários sem trabalhar.
Reajuste
Paralelamente, Paraguai e Brasil seguirão com uma agenda visando a um acordo conjunto sobre a exigência de reajuste do valor pago pelo excedente da energia paraguaia vendida aos brasileiros, destacou o funcionário.
Mateo admitiu, ainda segundo a AFP, que chegar a um acordo com o Brasil "não será fácil". "Quem acredita que isto vai ser fácil está enganando a opinião pública".
Após a posse de Lugo, na sexta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que estava disposto a negociar as reivindicações paraguaias, mas advertiu que qualquer reajuste levará em conta o impacto no bolso dos consumidores brasileiros.
A central hidroelétrica de Itaipu, a maior do mundo em funcionamento, fornece 19% da eletricidade consumida pelo Brasil. O Paraguai utiliza apenas 5% da eletricidade produzida lá e vende o restante ao Brasil.
De acordo com as autoridades paraguaias, essa venda representa cerca de US$ 300 milhões por ano. Assunção pretende aumentar esse número para cerca de US$ 2 bilhões.