Embalado por um crescimento econômico de dar inveja aos vizinhos sul-americanos o PIB cresceu 14,1% em 2013 , o Paraguai aos poucos deixa para trás a pecha de primo pobre do Mercosul e se torna uma vitrine para novos investimentos. Um dos pilares desse desenvolvimento são as chamadas "maquiladoras", empresas que importam peças e componentes de matrizes estrangeiras para que os produtos sejam manufaturados (montados) no Paraguai e depois exportados.
O país tem hoje 60 maquiladoras nos mais diversos setores, das quais pelo menos 20 são de capital brasileiro. São confecções, indústrias têxteis, fábricas de plástico, autopeças, autopartes e até call centers. Algumas têm natureza mista e foram constituídas a partir de parcerias entre investidores brasileiros, paraguaios e argentinos. Há também aportes de japoneses, coreanos e espanhóis.
Inspirada na legislação mexicana, a Lei de Maquila do Paraguai (nº 1.064/2000) prevê isenção de impostos para importar maquinários e matéria-prima. Quando a mercadoria manufaturada deixa o país, o imposto incidente corresponde a 1% sobre o valor da fatura de exportação.
Secretário-executivo do Conselho Nacional de Indústrias Maquiladoras de Exportação do Paraguai, Ernesto Paredes diz que 80% das exportações são destinadas a países do Mercosul. Até 15 de maio deste ano, as vendas das maquiladoras para o exterior somaram cerca de US$ 80 milhões. Em 2013, o total chegou a US$ 150 milhões. A perspectiva, segundo Paredes, é do crescimento continuar. "Entre o ano passado e este ano, temos 17 novos projetos." O empresário brasileiro Moacir Menon, que atua no ramo de comércio exterior no Paraguai, diz que a perspectiva de crescimento das maquilas é de 30% ao ano.
Ambiente favorável
O regime fiscal da maquila não é o único atrativo para os empresários investirem no Paraguai. O país tem um ambiente econômico favorável incentivado pela baixa carga tributária, energia elétrica quase 50% mais barata em relação ao Brasil, além de uma legislação trabalhista mais flexível, com encargos sociais 35% mais em conta.
"Você tem preço para competir em nível mundial e no Mercosul. Lá, nos sentimos como um industrial gerando riquezas", diz o vice-presidente da Federação de Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Nelson Hubner. O empresário está prestes a instalar uma unidade maquiladora no ramo metalmecânico no Paraguai.
Em fevereiro, ele integrou uma missão brasileira, formada por 178 industriais e representantes de entidades, que visitou o Paraguai para conhecer o ambiente para negócios. A impressão dos brasileiros foi a melhor possível.
País inaugura maior unidade de plástico da América do Sul
É de um brasileiro a maior maquila do setor de plásticos do Paraguai. Inaugurada no início deste mês com a presença do presidente Horacio Cartes, a X-plast fica em Ciudad del Este, na fronteira com Foz do Iguaçu. Está instalada em um terreno de 80 mil metros quadrados com 30 mil metros de área construída. A indústria fabrica brinquedos, utilidades domésticas, mesas e cadeiras. Pouco mais de 70% da produção é exportada para o Brasil. A matriz está instalada no Uruguai.
O ambiente econômico favorável foi um dos motivos que levou a empresa a se instalar no Paraguai, diz o diretor Marco Antônio Cubas. A Xplast emprega hoje 320 funcionários. Apenas sete são brasileiros. A perspectiva é chegar em 2015 com um quadro de 1.200 funcionários diretos. A mão de obra paraguaia recebe elogios de Cubas. "Eles são muito prestativos."
Além de funcionários contratados diretamente, a X-plast tem empregados terceirizados que trabalham em casa e ganham de acordo com a própria produção, respeitando a legislação paraguaia. São donas de casas, cadeirantes ou pessoas que querem trabalhar, mas não podem ficar na empresa. No total são cerca de 150 pessoas, todos moradores que vivem no entorno da indústria. Eles recebem em casa peças para montar manualmente os produtos.