Cerca de 4 mil paraguaios e brasileiros participaram de um ato favorável à manutenção da cota de compras em US$ 300 (cerca de R$ 960) na manhã desta terça-feira (17) em Ciudad del Este, na fronteira com Foz do Iguaçu (Oeste do Paraná). O novo valor da cota para quem entra no país por terra – US$ 150 (R$ 480) – entra em vigor no próximo mês de julho, de acordo com instrução normativa da Receita Federal do Brasil, publicada em dezembro de 2014.
A medida vem na contramão do anseio dos paraguaios, que almejam uma cota de US$ 500 (R$ 1,6 mil) e uma maior formalização no mercado de trabalho. “A manutenção da cota vai permitir maior legalidade [da força de trabalho], justamente para acompanhar o trabalho de revitalização de Ciudad del Este. Mas, sem isso, vamos novamente cair na ilegalidade do contrabando. Os dois países saem perdendo”, disse Hussein Dias, membro da Câmara de Comércio de Ciudade del Este.
A preocupação do comerciante paraguaio é a mesma das autoridades brasileiras. Para o presidente do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social de Foz do Iguaçu, Danilo Vendrúsculo, há necessidade de um discurso uníssono das regiões em prol da cota de US$ 500 para impulsionar o turismo de compras e a economia fronteiriça. “Entendemos que a portaria tem como objetivo o equilíbrio fiscal, mas precisamos pensar nos avanços já conquistados ao longo dos anos. Tivemos alta de 11% no turismo, a arrecadação saltou de R$ 2,2 milhões para R$ 9 milhões em dez anos, não podemos retroceder”, afirmou. Vendrúsculo disse que, antes de julho, uma consulta pública poderá ser realizada. “Precisamos discutir por exemplo por que cortar a cota terrestre (para US$ 150) e manter em US$ 500 a de quem vem de avião.”
Com a diminuição da cota e a queda na movimentação de compristas, a preocupação maior está associada ao desemprego. Diretamente são empregados na região 70 mil pessoas e indiretamente outras 400 mil.
Palanque
Um incidente marcou a manifestação. Um palanque montado para receber autoridades desabou quando os primeiros convidados iniciavam seus discursos. Seis pessoas ficaram feridas. No palco com pouco mais de 20 metros quadrados e um metro e meio de altura estavam mais de 30 pessoas, entre elas a prefeita de Ciudad del Este, Sandra Zacarias e o governador Justo Zacarias, além de deputados e convidados brasileiros. Após o incidente, o manifesto foi suspenso e o comércio reabriu as portas.
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