O Paraguai não está satisfeito com o preço da energia gerada pela usina Itaipu Binacional e vendida ao Brasil. A informação é do presidente brasileiro de Itaipu, Jorge Samek. Segundo ele, o presidente paraguaio, Nicanor Duarte, tem reivindicado uma correção no cálculo da tarifa. Hoje ela é definida por um tratado firmado entre os dois países, que data da fundação de Itaipu, há 32 anos. Samek adiantou, no entanto, que o governo brasileiro não pretende ceder ao pedido. Como o Paraguai só utiliza 5% de sua metade de energia gerada pela usina, os outros 45% são vendidos ao Brasil.
A insatisfação do governo vizinho tem por base a valorização do real frente ao dólar nos últimos anos. A moeda usada para o pagamento da energia comprada (e também para custear juros, dívidas e royalties) é o dólar que agora está na casa dos R$ 2,20. "A rigor, a energia ficou a um preço muito bom no Brasil. Mas quando o dólar estava custando quase R$ 4, o Brasil, as distribuidoras brasileiras, pagaram esse valor", justifica Samek.
A reivindicação paraguaia ganhou força, segundo o presidente, com os altos preços do barril de petróleo no mercado internacional. "Embora o petróleo não tenha relação com a energia hidrelétrica, é mais um motivo para eles dizerem que a energia deles está muito barata", afirma. "E o presidente paraguaio tem reivindicado um ingresso maior de recursos no Paraguai." Esse ingresso de recursos ocorreria, se atendidas as vontades do país vizinho, pela extinção do "fator de ajuste da dívida", que tem reduzido o valor da tarifa paga pelo Brasil.
O discurso, segundo Samek, não só é antigo, como também é legítimo. "É uma discussão normal. O Paraguai não tem as mesmas possibilidades de se desenvolver que tem o Brasil. A Itaipu é a maior empresa que eles têm", diz.
Como uma alteração de tarifa está fora de questão, Samek argumenta que o Brasil está auxiliando no desenvolvimento do país vizinho de outra maneira. "O BNDES financiou US$ 77 bilhões em investimentos no Paraguai. Também está em discussão a construção de ferrovias e rodovias. Nada impede que a gente busque outras formas de ajudar o Paraguai, mas tudo dentro do tratado de Itaipu", afirma.
O assunto será um dos principais temas da reunião do Mercosul marcada para o próximo dia 20, em Córdoba, na Argentina.