Com a persistência de pendências por causa da ação judicial entre a Agência Nacional de Navegação e Portos do Paraguai (ANNP) e a Armazéns Gerais Terminal Ltda (AGTL), o Consórcio Mercosul, vencedor da licitação para operar a estrutura do governo do Paraguai pelo Porto de Paranaguá, prevê que as operações devem começar apenas a partir de junho de 2015.
Segundo o advogado Gabriel Neiva de Lima, representante do consórcio, a ANNP ainda não conseguiu recuperar da AGTL o controle das esteiras que levam o grão até a área de embarque, "o que é essencial para que o consórcio comece a operar a estrutura, após conseguir o alfandegamento com a Receita Federal".
Lima diz que o compromisso é iniciar as operações com 1,5 milhão de toneladas anuais de soja e, em 15 anos, alcançar 2 milhões de toneladas, entre produto paraguaio e brasileiro a AGTL vinha movimentando cerca de 850 mil toneladas por ano, de acordo com o advogado.
As exportações totais de soja do Paraguai saltaram de 8,7 milhões de toneladas entre 2002 e 2005 para estimados 14,4 milhões de toneladas de 2012 a 2015, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).
Hoje o escoamento é feito por via fluvial, utilizando a Bacia do Prata, pela Argentina. Mas, em determinados períodos do ano, a queda no nível do rio dificulta a navegação, o que tende a favorecer a retomada dos embarques por Paranaguá.
Segundo Lima, a estrutura paraguaia tem algumas deficiências técnicas, mas já houve entendimento entre a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), a ANNP e o Consórcio Mercosul sobre as adequações necessárias, que devem consumir investimentos de US$ 11 milhões.
Vento a favor
O superintendente da Appa, Luiz Henrique Dividino, diz que, com o trabalho de manutenção da área e a execução de melhorias, a estrutura terá condições de embarcar até mais que o 1,5 milhão de toneladas previsto. Alerta, porém, que isso vai além da capacidade técnica. "É preciso que as empresas identifiquem a possibilidade e as vantagens de embarcar a soja por Paranaguá, mesmo porque os contratos de logística são de longo prazo."
Pesam positivamente nessa análise fatores como o fim das filas de caminhões no porto, a instalação de novos shiploaders e os prêmios na ordem de US$ 2,50 por saca.
A reportagem procurou os advogados que representam a AGTL, mas não obteve retorno.