Hollande dá entrevista para falar do envolvimento de dois auxiliares com contas secretas| Foto: Youssef Boudlal/Reuters

Um levantamento feito por um grupo internacional de jornalistas investigativos mos­trou que o uso de empresas de fachada em paraísos fiscais é um meio comum de agentes públicos e empresários colocarem fortunas à salvo de investigações em suas nações de origem. O trabalho demonstrou que essas operações – que beneficiaram empresários, políticos e parentes de pessoas no poder em países como Colômbia, Venezuela, Filipinas, Mongólia, França e Azerbaijão, entre outros – contaram com a participação de bancos de primeira linha, como Deutsche Bank, HSBC e UBS.

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Em um dos casos documentados pelo ICIJ (sigla em inglês para Consórcio In­ter­nacional de Jornalistas In­vestigativos), o financista venezuelano Francisco Illar­ra­mendi é apontado como beneficiário de fundos que operavam nas ilhas Cayman em associação com quatro empresas instaladas nas Ilhas Virgens Britânicas, de propriedade do banqueiro Moris Beracha, seu conterrâneo e aliado próximo do presidente Hugo Chávez, morto no mês passado. Illarramendi é acusado de chefiar um esquema de pirâmide que provocou prejuízos ao fundo de pensão dos empregados da estatal petrolífera PDVSA.

Como começou

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A investigação começou quando o diretor do ICIJ, Ge­rard Ryle, obteve um disco rígido de computador cujos arquivos continham dados sobre transações financeiras em pelo menos dez jurisdições offshore (territórios em que não são cobrados impostos para empresas dirigidas por estrangeiros, também conhecidos como paraísos fiscais), entre eles as Ilhas Virgens Britânicas, Cingapura, e Ilhas Cook. Quan­do desdobrados, os arquivos indicaram movimentações provenientes de 170 países. Os dados apresentados ontem por jornais como Guardian, da Grã-Bretanha, e Washington Post, dos Estados Unidos, são apenas uma parte do material.

Pinturas

Os esquemas de empresas offshore também serviram para a aquisição de obras de arte para o museu Thyssen-Bornemisza, um dos principais de Madri, na Espanha. A socialite Carmen Thyssen-Bornemisza, cuja coleção particular alimenta o museu, usou contas secretas em lugares como Liechtenstein, Ilhas Cayman Islands Ilhas Virgens Britânicas e Ilhas Cook para comprar pinturas como Moinho em Gennep, de Van Gogh.

Na França, o envolvimento do tesoureiro da campanha presidencial do presidente François Hollande, Jean-Jacques Augier, e do ex-ministro do Orçamento Jérôme Cahuzac no caso abalou o governo.