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Paralisação do governo dos EUA entra no 3º dia

A paralisação parcial das operações do governo dos Estados Unidos entrou no terceiro dia em meio à queda-de-braço entre republicanos e democratas para viabilizar o financiamento do setor público no curto prazo. Após a reunião frustrada realizada ontem, na Casa Branca, entre o presidente Barack Obama e os líderes dos dois partidos na Câmara e no Senado, Obama afirmou que "não se negocia colocando uma arma na cabeça do outro", ao discursar no pátio de uma empresa de construção no subúrbio de Washington.

Sem um acordo para votar uma resolução que permita o financiamento do governo no curto prazo, centenas de milhares de servidores federais entraram no terceiro dia de dispensa do trabalho. A Câmara dos Representantes planeja votar apenas duas minimedidas para permitir o pagamento de reservistas do Exército e outro para restabelecer os serviços para veteranos de guerra. Os democratas no Senado, entretanto, rejeitaram a proposta de destrinchar a resolução única de financiamento do governo em partes destinadas a financiar apenas serviços e áreas específicos. Para os senadores do partido de Obama, o Congresso deve financiar todo o governo de uma única vez.

A queda-de-braço no Congresso começou quando deputados republicanos insistiram que, para financiar o governo no ano fiscal de 2014, que começou no último dia 1º, exigiriam um adiamento na assinatura da nova Lei da Saúde pelo presidente Obama, o que os democratas rejeitaram de imediato. Porém, à medida que a paralisação do governo acabou se concretizando sem que Obama cedesse, os republicanos adotaram um novo discurso e passaram a questionar se o presidente e os democratas de fato querem negociar.

A nova retórica converge para uma sequência de embates entre os dois partidos, abrindo o confronto pela elevação no teto do endividamento do setor público americano, necessário para que o governo continue honrando suas dívidas. Quem tem o poder para elevar o limite de endividamento é o Congresso, mas o líder da maioria republicana e presidente da Câmara, John Boehner, e seus colegas de partido afirmam que não elevarão esse limite a menos que democratas e a Casa Branca concordem com algumas condições. A expectativa é que as lideranças republicanas estejam preparando o caminho para uma "grande barganha" que exija reformas nos principais programas sociais do governo. Obama diz que vai negociar apenas após o Congresso decidir financiar o governo e elevar o teto da dívida.

Enquanto isso, agências federais suspenderam uma série de atividades e dispensaram mais de 800 mil servidores não essenciais a partir da última terça-feira, 1º. A Casa Branca decidiu cancelar a viagem de Obama à Ásia, com paradas previstas na Malásia e Filipinas, alegando que as dispensas tornaram impossível deslocar pessoal para preparar a visita. Desde o início da paralisação, dois indicadores já deixaram de ser divulgados pelo Departamento do Comércio, os investimentos em construção civil na última terça-feira e as encomendas à indústria, previstas para hoje. Além disso, o Departamento do Trabalho confirmou que não irá divulgar o indicador mais aguardado da semana pelos mercados, o Relatório de Emprego de setembro, previsto para amanhã.

Outros desdobramentos começaram a aparecer no setor privado: a United Technologies, uma grande empreiteira de defesa, anunciou que vai dispensar quase 2 mil trabalhadores se a paralisação do governo se estender até a próxima semana e outros 2 mil se o governo continuar parado até o fim da semana que vem. Fonte: Dow Jones Newswires.

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