Lançada há mais de um ano como promessa para destravar investimentos em infraestrutura para o país, a segunda fase do Programa de Investimentos em Logística (PIL) do governo federal pouco avançou no Paraná e corre o risco de ficar para 2017. São obras de mais de R$ 10 bilhões em rodovias, ferrovias e portos do estado que aguardam a realização de leilões e renovação de concessões. Os prazos previstos inicialmente já foram descumpridos e o governo só deve sinalizar quais projetos sairão da gaveta após o resultado final do processo de impeachment.
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O principal projeto de rodovia para o estado, a concessão da Rodovia do Frango, que inclui trechos de estrada do Paraná e Santa Catarina, deveria ter ido para leilão em 2015, o que não aconteceu. São 460 quilômetros previstos entre as BRs 476, 153, 282, 480 e investimentos de R$ 4,5 bilhões em até 30 anos. Em fevereiro deste ano, o Tribunal de Contas da União (TCU) aprovou com ressalvas os estudos de viabilidade.
A rodovia tem como objetivo escoar a produção de grãos, aves e suínos pelos portos do Arco Sul. Na avaliação do vice-presidente da Federação das Indústrias do Paraná Edson José de Vasconcelos, a tarifa ficou muito alta e o projeto pode acabar tendo que ser revisto. Em fevereiro, ficou definido um pedágio de R$ 14,75 para cada trecho de 100 quilômetros.
O presidente da Inter.B Consultoria Internacional de Negócios, Cláudio Frischtak, afirma que a expectativa em 2015 era que a Rodovia do Frango fosse licitada fácil, o que não aconteceu. Segundo o consultor, o governo perdeu o tempo de fazer o projeto deslanchar e agora os parâmetros já estão desatualizados, principalmente quanto ao tráfego da região.
Gargalo
Para ferrovias, a segunda fase do PIL não previa nenhum grande novo projeto para o estado. Somente a renovação da concessão da malha ferroviária na Rumo no Paraná. Em nota, a empresa afirmou que prevê investimentos com foco no aumento da capacidade das ferrovias que somam R$ 2,1 bilhões relacionados à extensão do prazo da atual concessão da Malha Sul, que vence em 2027. Segundo a nota, a viabilidade desses investimentos depende ainda da extensão da concessão a ser negociada junto à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
Enquanto isso não acontece, as ferrovias continuam sendo um dos grandes gargalos do estado. O diretor-presidente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), Luiz Henrique Dividino, defende dois eixos de investimentos para o setor: melhoria da malha atual e construção da segunda ferrovia.
A melhoria da malha atual seria para dar mais produtividade aos trechos e diminuir o custo do frete. “O custo da ferrovia é de 1880. Nós adotamos uma engenharia de 1880, com muitas rampas e curvas”, explica. Ele também afirma que o Paraná precisaria ter uma nova ferrovia que ligasse o Oeste até Paranaguá, o que contribuíra para o descongestionamento das rodovias e redução do preço do frete.
Paranaguá
Na área portuária, a renovação antecipada das concessões existentes avança a passos largos, enquanto o arrendamento de seis terminais em Paranaguá ainda não saiu do papel. A renovação do contrato da empresa Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP) aconteceu em abril, com a contrapartida de investimentos de R$ 1,1 bilhão até 2048.
Já o arrendamento de seis terminais do Porto de Paranaguá, com investimentos de até R$ 1,2 bilhão, está apenas com o projeto concluído. Falta ainda o agendamento da consulta pública, a análise do TCU e o leilão. Segundo o diretor, Luiz Dividino, a expectativa é que as etapas tenham andamento a partir de setembro.