"Pé atrás"
Desafio da operação é vencer o preconceito dos brasileiros
Para fazer deslanchar o mercado de empréstimos com garantia de imóvel, bancos e financeiras ainda terão que acabar com o receio do brasileiro de perder o imóvel nesse tipo de operação.
A crise de 2008, deflagrada com o estouro justamente do mercado de hipotecas nos Estados Unidos lá um mesmo imóvel poderia ser usado como garantia em mais de um empréstimo, o que não ocorre no Brasil também não ajudou a reduzir o preconceito entre os consumidores. Para os bancos, entretanto, diminuir o preconceito é uma questão de tempo.
Medo em queda
"O brasileiro ainda tem um receio inicial, mas esse medo diminui à medida que o mercado amadurece e ele faz as contas das vantagens desse tipo de operação", afirma Elyseu Mardegan Júnior, diretor de crédito imobiliário do Paraná Banco.
De acordo com ele, desde que começou a trabalhar com esse tipo de crédito, ele não viu nenhum cliente perder o imóvel. "Existe inadimplência, mas ela é baixa e sempre há renegociação", diz.
Popularização
Crédito com garantia de imóvel deve seguir caminho do consignado
Para Cristiano Malucelli, presidente do Paraná Banco, a tendência é que o crédito com garantia de imóvel se popularize, seguindo os passos que o consignado trilhou nas últimas décadas. Bancos como Caixa, Bradesco e Santander já vêm explorando o novo filão, mas ele diz acreditar que essa modalidade deve ganhar corpo entre os bancos médios, como o que ocorreu com o empréstimo com desconto em folha nos primeiros anos.
O Paraná Banco deve fazer uma operação de securitização de R$ 40 milhões a R$ 50 milhões, dentro de 12 a 18 meses, para fazer funding para a nova empreitada. A aposta ocorre em um momento em que o mercado de crédito consignado começa a apresentar crescimento um pouco menor. A previsão é que essa taxa, que nesse ano está em 17%, caia para próximo de 15% nos próximos anos.
Condições
Segundo Elyseu Mardegan Júnior, diretor de crédito imobiliário, o cliente que usa o imóvel como garantia em geral tem entre 40 e 45 anos e usa o dinheiro para consolidar dívidas (trocar vários compromissos mais caros por um mais longo), investir em um negócio ou para capital de giro na empresa.
Pelos cálculos dos dois executivos, o valor do ticket médio do financiamento ImovCredi deve ficar entre R$ 150 mil a R$ 160 mil (valor do imóvel em cerca de R$ 300 mil). Pelo ImovCredi, o banco oferece uma taxa de juros de 1,5% mais variação do IGPM ou uma taxa fixa de 18,75% ao ano. O imóvel (residencial urbano) em garantia pode ter valor de R$ 100 mil a R$ 3 milhões e o limite de comprometimento de renda com a parcela é de 30%.
O Paraná Banco, braço financeiro do grupo J.Malucelli, vai atuar no mercado de empréstimo com garantia de imóvel, modalidade de crédito que movimenta cerca de R$ 3 bilhões por ano no país e começa a ser disputado por instituições financeiras de médio e grande porte.
O banco paranaense lança hoje em Curitiba o ImovCredi, produto que vai oferecer crédito para pessoa física de R$ 50 mil a R$ 1,5 milhão com prazo de pagamento até 30 anos. Esse é o primeiro grande investimento do Paraná Banco fora do mercado de consignado, negócio em que se especializou nos últimos 18 anos e que representa hoje mais da metade dos seus resultados. O novo projeto, que foi desenvolvido nos últimos cinco meses, envolveu R$ 7 milhões em investimentos.
O objetivo é que, no médio prazo, o segmento tenha uma participação entre 20% e 40% dos ativos do grupo, segundo o presidente da instituição, Cristiano Malucelli. "Vimos que tinha espaço para um terceiro produto dentro do grupo, depois do consignado e do mercado de empresas", diz.
Segundo dados de uma consultoria contratada pelo banco para estudar o mercado, o financiamento com garantia de imóvel deve representar, dentro de cinco anos, R$ 100 milhões em originações no Brasil. Não há estatísticas oficiais sobre o crédito com garantia de imóvel, mas estima-se que ele equivale hoje a 1,5% de todo o setor imobiliário e possa atingir até 25% nos próximos anos.
"O mercado deve dar um salto. Para se ter uma ideia do tamanho desse potencial é só levar em conta que 70% dos imóveis no país já foram quitados", afirma o diretor Elyseu Mardegan Júnior, executivo que vai tocar a área de crédito imobiliário do banco.
Prazo longo e juros baixos
A aposta do Paraná Banco é que essa modalidade de crédito ganhe força por oferecer prazos maiores, de até 30 anos, e juros menores. Isso ocorre porque os bancos, ao emprestar, tem uma garantia real de peso que é o imóvel quitado, que pode ser resgatado em caso de não pagamento. A taxa média de juros de mercado está em 1,5% ao mês, abaixo de modalidades como cheque especial e cartão de crédito, em que as taxas chegam a 10%.
As 23 lojas próprias e a rede de correspondentes bancários do Paraná Banco serão usadas para divulgar o novo produto, mas a nova área terá uma equipe e lojas próprias. A primeira deve ser aberta em Curitiba, no centro da cidade, para testar o modelo. Estão nos planos ainda lojas em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.
R$ 160 mil deve ser o valor do ticket médio do financiamento ImovCredi, pelas contas dos dois executivos. O imóvel em garantia pode ter valor de R$ 100 mil a R$ 3 milhões e o limite de comprometimento de renda com a parcela é de 30%.
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