Mauro Costa, secretário estadual da Fazenda: “não tivemos qualquer garantia da União”.| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

A falta de um fundo de compensação, com transferência automática de recursos e vinculado à receita de um tributo federal, travou o “sim” do Paraná na unificação das alíquotas interestaduais do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Junto com outros três estados, o Paraná se posicionou contra a proposta apresentada pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, durante reunião do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), na semana passada.

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“Não tivemos qualquer garantia da União de como serão compensadas essas perdas. O governo federal sinalizou que levaria para o Congresso para ver qual tributo que seria aumentado para compensar a perda de arrecadação”, afirma o secretário estadual da Fazenda, Mauro Ricardo Costa, que representou o estado no encontro. Ceará, Rio Grande do Norte e Pernambuco também votaram contra o acordo, que precisava de unanimidade para ser aprovado.

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A estimativa de Costa é que o Paraná perderia R$ 2,23 bilhões de arrecadação em sete anos com a mudança da alíquota de 12% para 4%. A unificação das alíquotas interestaduais do ICMS (cobrado quando uma mercadoria é produzida em um estado e vendida em outro) é considerada importante para acabar com a guerra fiscal entre os estados, que oferecem incentivos para atrair investimentos privados.

Compensação

Embora Levy tenha evitado falar sobre “fundo” durante o encontro, Costa afirma que a sugestão do Paraná é que o instrumento de compensação das perdas de arrecadação venha por meio de tributos federais como o Imposto de Renda ou a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). “Nossa proposta atende os outros estados da nação também”, afirma Costa.

Ao fim do encontro, o ministro Joaquim Levy prometeu estudar formas de criar fundos federais ou instrumentos financeiros que compensem a perda de arrecadação dos estados, mas disse que era cedo para se comprometer com valores ou fórmulas e que os empréstimos não podem provocar prejuízo fiscal à União.

O acordo no Confaz facilitaria a aprovação, pelo Senado, da resolução que convalida os incentivos fiscais, atualmente questionados pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Mesmo sem a concordância dos quatro estados, os parlamentares podem votar o tema, que está parado na Casa desde 2013. A expectativa é que a votação ocorra no fim de maio.

Secretário da Fazenda de SP se diz otimista quanto a acordo

  • são paulo

O secretário de Fazenda do estado de São Paulo, Renato Villela, está otimista com a perspectiva de que a reforma do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) seja pactuada pelos estados em breve, num prazo estimado por ele em menos de dois meses. “Nunca estivemos tão perto de um acordo para a reforma de ICMS, pois avançamos muito nessa questão, na última reunião do Confaz, que foi presidida pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy”, disse Villela.

Na avaliação do secretário, a participação do ministro Levy no encontro do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), realizado na última sexta-feira (10), em Goiânia, foi muito importante para acenar com perspectivas para o fechamento de um acordo para a reforma do ICMS. Além de o ministro da Fazenda presidir o colegiado, algo que não ocorria há pelo menos 15 anos, Villela destacou que ele falou com muita clareza sobre a necessidade de se levantar em cada estado os números do impacto que essa reforma trará, para que o governo federal estime o volume necessário para compor os fundos de compensação e o de desenvolvimento regional.

Impasse

No encontro de Goiânia, apenas quatro estados – Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Paraná – rejeitaram o acordo para a reforma do ICMS. Para ser colocado em prática, o acordo precisa do aval unânime de todos os estados mais o Distrito Federal. Apesar disso, o secretário de Fazenda de São Paulo disse que saiu da reunião “muito mais otimista do que estava quando chegou”. E emendou: “Creio que podemos vencer os obstáculos em cerca de um mês e meio.”

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