Apesar do saldo positivo em maio e junho, a balança comercial do Paraná terminou o primeiro semestre do ano com déficit de US$ 675 milhões, quase o dobro do registrado no mesmo período de 2011, quando as importações superaram as exportações em US$ 364 milhões. Nem os embarques recordes do mês de maio que somaram US$ 2,02 bilhões, maior valor registrado em um mês desde maio de 2008 conseguiram tirar a conta do vermelho. Embora tenha fechado com superávit de US$ 9,8 milhões, junho voltou a registrar queda nas exportações.
Impulsionadas principalmente pela venda recorde de soja, carne e automóveis, as exportações paranaenses cresceram nos seis primeiros meses do ano, atingindo a marca de US$ 8,84 bilhões US$ 614 milhões a mais que o volume registrado no mesmo período de 2011. Contudo, as importações aumentaram em uma velocidade maior, somando US$ 9,51 bilhões e contribuindo decisivamente para elevar o déficit. Janeiro foi o mês recordista de importações, com US$ 1,7 bilhão.
De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), os produtos mais importados pelo Paraná no primeiro semestre de 2012 foram automóveis (US$ 1.931 bilhões); petróleo e combustíveis (US$ 1.654 bilhões); máquinas e equipamentos (US$ 1.437 bilhões); máquinas, aparelhos e materiais elétricos (US$ 775,7 milhões) e adubos e fertilizantes (US$ 717,8 milhões). Na comparação com o mesmo período de 2011, as categorias de automóveis e petróleo e combustíveis apresentaram crescimento de 32% e 26%, respectivamente.
Na pauta das exportações, soja, carne e automóveis lideraram, respectivamente, os embarques. Entre janeiro e maio deste ano, só a China absorveu 81% da soja paranaense. Embora tenham apresentado queda em relação ao mesmo período de 2011, farelo de soja (US$ 660,9); açúcar (US$ 441,6); e máquinas e equipamentos (US$ 451,0) completaram a lista dos produtos mais vendidos ao exterior.
Mesmo com déficit 87% maior que no mesmo período do ano passado, analistas não veem razão para preocupação. Para Edson Luiz Campagnolo, presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP), a justificativa do déficit da balança está na própria dinâmica econômica do estado. "Começamos o ano com o dólar desvalorizado, fator que favorece as importações e tira a competitividade da indústria local. Além disso, temos uma grande montadora de automóveis instalada no Paraná, que vive um bom momento e é dependente de insumos vindos de fora", diz.
"Basicamente, estamos tentando recuperar a conta do primeiro mês do ano, que registrou o maior déficit do semestre, com US$ 647 milhões", diz Gustavo Machado, da GT Internacional, consultoria especializada em Comércio Exterior. Segundo ele, a comparação dos números do MDIC mostra que, em relação ao primeiro semestre de 2011, não houve aumento significativo do volume de entradas em nenhum grupo de produtos que lideram a pauta das importações. Com exceção de automóveis e petróleo e combustíveis, os demais produtos não se destacaram. Isso mostra um movimento normal da economia.