De janeiro a maio deste ano, a China absorveu 81% da soja paranaense. Mas isso não foi suficiente para deixar o saldo positivo| Foto: Henry Milleo/ Gazeta do Povo

Recuperação

Antes de sair do vermelho, em maio deste ano, a balança comercial do Paraná vinha há nove meses com desempenho negativo – o maior período de déficit seguido em uma década. De acordo com a série histórica do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), a última vez em que o Paraná ficou tanto tempo com a balança comercial deficitária foi entre agosto de 2000 e abril de 2001.

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A comparação dos números do MDIC do primeiro semestre de 2012 em relação ao mesmo período de 2011 mostra que não houve aumento significativo na entrada de nenhum grupo de produtos que lidera a pauta das importações. Com exceção de automóveis e petróleo e combustíveis, os demais produtos não se destacaram. Para Gustavo Machado, da GT Internacional, isso mostra um movimento normal da economia.

Alerta

As exportações paranaenses para a China cresceram 43% no primeiro semestre de 2012, em relação ao mesmo período de 2011, atingindo US$ 2.140 bilhões. De janeiro a maio deste ano a China foi o destino de 81% de toda a soja exportada pelo Paraná. Segundo Gustavo Machado, da GT Internacional, a projeção de crescimento menor do país asiático deve ser acompanhada com atenção pelos exportadores paranaenses.

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Se depender da soja, saldo negativo vai crescer até dezembro

A balança comercial do estado deve amargar saldo negativo no segundo semestre deste ano, repetindo o mesmo cenário de 2011.

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Apesar do saldo positivo em maio e junho, a balança comercial do Paraná terminou o primeiro semestre do ano com déficit de US$ 675 milhões, quase o dobro do registrado no mesmo período de 2011, quando as importações superaram as exportações em US$ 364 milhões. Nem os embarques recordes do mês de maio – que somaram US$ 2,02 bilhões, maior valor registrado em um mês desde maio de 2008 – conseguiram tirar a conta do vermelho. Embora tenha fechado com superávit de US$ 9,8 milhões, junho voltou a registrar queda nas exportações.

Impulsionadas principalmente pela venda recorde de soja, carne e automóveis, as exportações paranaenses cresceram nos seis primeiros meses do ano, atingindo a marca de US$ 8,84 bilhões – US$ 614 milhões a mais que o volume registrado no mesmo período de 2011. Contudo, as importações aumentaram em uma velocidade maior, somando US$ 9,51 bilhões e contribuindo decisivamente para elevar o déficit. Janeiro foi o mês recordista de importações, com US$ 1,7 bilhão.

De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), os produtos mais importados pelo Paraná no primeiro semestre de 2012 foram automóveis (US$ 1.931 bilhões); petróleo e combustíveis (US$ 1.654 bilhões); máquinas e equipamentos (US$ 1.437 bilhões); máquinas, aparelhos e materiais elétricos (US$ 775,7 milhões) e adubos e fertilizantes (US$ 717,8 milhões). Na comparação com o mesmo período de 2011, as categorias de automóveis e petróleo e combustíveis apresentaram crescimento de 32% e 26%, respectivamente.

Na pauta das exportações, soja, carne e automóveis lideraram, respectivamente, os embarques. Entre janeiro e maio deste ano, só a China absorveu 81% da soja paranaense. Embora tenham apresentado queda em relação ao mesmo período de 2011, farelo de soja (US$ 660,9); açúcar (US$ 441,6); e máquinas e equipamentos (US$ 451,0) completaram a lista dos produtos mais vendidos ao exterior.

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Mesmo com déficit 87% maior que no mesmo período do ano passado, analistas não veem razão para preocupação. Para Edson Luiz Campagnolo, presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP), a justificativa do déficit da balança está na própria dinâmica econômica do estado. "Começamos o ano com o dólar desvalorizado, fator que favorece as importações e tira a competitividade da indústria local. Além disso, temos uma grande montadora de automóveis instalada no Paraná, que vive um bom momento e é dependente de insumos vindos de fora", diz.

"Basicamente, estamos tentando recuperar a conta do primeiro mês do ano, que registrou o maior déficit do semestre, com US$ 647 milhões", diz Gustavo Machado, da GT Internacional, consultoria especializada em Comércio Exterior. Segundo ele, a comparação dos números do MDIC mostra que, em relação ao primeiro semestre de 2011, não houve aumento significativo do volume de entradas em nenhum grupo de produtos que lideram a pauta das importações. Com exceção de automóveis e petróleo e combustíveis, os demais produtos não se destacaram. Isso mostra um movimento normal da economia.