Empresas japonesas estão novamente de olho no Paraná, planejando trazer investimentos e fábricas ao estado. Com as dificuldades que o país enfrenta desde o terremoto de 2011, suas empresas têm buscado levar operações para outras nações. Desde então os investimentos vindos do Japão ao Brasil aumentaram e o Paraná é um dos beneficiados, por sua localização e por questões culturais.
Em todo o país, o movimento foi forte já no ano passado, quando o Japão respondeu por 10,8% do investimento estrangeiro direto (IED) no Brasil. Foram US$ 7,5 bilhões aplicados no país, quase o triplo do que os japoneses haviam aportado em 2010, quadro que remonta às décadas de 1970 e 1980, quando muitos de seus executivos vinham ao país, interessados na produção de matérias-primas.
Mesmo sendo difícil bater os números daquela época, quando os investimentos japoneses chegavam a até 20% do IED, a expectativa é positiva, e reforçada por anúncios recentes de empresas nipônicas. A Nissan que tem unidade em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC) quer ser a principal marca asiática de carros no Brasil, o quarto mercado automotivo do mundo, e vai gastar US$ 1,5 bilhão numa fábrica em Resende (RJ), enquanto a Panasonic investe US$ 200 milhões em Extrema (MG).
No Paraná, a Sumitomo Rubber, fabricante de pneus que detém as marcas Dunlop e Falken, iniciou em janeiro as obras de sua fábrica em Fazenda Rio Grande, na RMC. Na mesma cidade, a Hamaya mantém desde o fim de 2011 uma pequena operação de reciclagem de eletrônicos.
A Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) conduz tratativas para a vinda de uma indústria de equipamentos hospitalares ao estado. E a Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Japão no Paraná (Japancham) aponta o setor de energias alternativas como grande interessado em investir nas cidades paranaenses.
Enquanto a força do Brasil se dá pela liderança na América do Sul, o Paraná se destaca por ser o segundo estado no número de descendentes japoneses. São aproximadamente 150 mil nikkeis, menos apenas que em São Paulo. Algumas das grandes empresas do país instaladas no Brasil mantêm suas sedes no Paraná há anos, caso de Nissan, Furukawa, Denso, Jtekt e Café Iguaçu, entre outras.
"Estar próximo de conterrâneos, assim como de companhias já instaladas, agências de fomento e câmaras comerciais ligadas ao país, é muito importante para os japoneses", diz Heberthy Daijó, diretor da Japancham. "Eles sabem o nível de exigência que sua cultura possui e com a proximidade ficam mais confiantes, seguros."
Outros aspectos favorecem o Paraná, como a vizinhança com países do Mercosul e a proximidade de três dos principais portos do país (Santos, Paranaguá e Navegantes) e do mercado consumidor do Sudeste.
Sumitomo quer 10% das vendas logo no 1.º ano
A obra das futuras instalações da fabricante japonesa de pneus Sumitomo em Fazenda Rio Grande começou há poucas semanas. A marca tem objetivos bastante ambiciosos entre eles, deter 10% das vendas do mercado nacional apenas um ano após a entrada em funcionamento da fábrica, e ainda triplicar a produção de pneus até 2020.
A empresa prevê que a fábrica comece a produzir comercialmente os pneus das marcas Dunlop e Falken em outubro de 2013. No início da atividade, a linha dará conta de colocar diariamente 15 mil pneus no mercado.
De acordo com o gerente de vendas e marketing da Sumitomo, Renato Baroli, o número deverá ser ampliado tão logo as metas de participação de mercado sejam atingidas. "Temos mais dois estágios para a produção. O primeiro diz respeito a dobrar o número dos 15 mil pneus assim que a gente alcançar o pico da produção e de suas vendas. O outro estágio deve triplicar o número inicial, chegando a 45 mil unidades, assim que mais um pico for atingido. É possível que isso ocorra até 2020", diz.
Em junho, a Sumitomo Brasil já começa a vender produtos importados da marca, preparando o terreno para o momento em que a fábrica brasileira puder suprir suas vendas. "Neste primeiro momento o que queremos é apresentar o nosso produto e diferenciá-lo. Muitos importadores individuais estão tentando vender seus pneus no Brasil, a maioria deles chineses, sem agregar nenhum valor ao produto. Nós queremos destacar a marca que a Dunlop e a Falken têm frente a esses produtos independentes", diz Baroli.
Para isso, a Sumitomo vai trabalhar com 13 distribuidores preferenciais que vão cobrir todo o país. Parte do esforço de marca principalmente o primeiro contato e a fidelização dos consumidores finais ficará a cargo desses revendedores. A empresa pretende ainda regionalizar parte das ações de mídia e marketing, estratégia que será apoiada por equipes internas e externas, além de consultores comerciais.
No momento, as operações da marca ainda estão centralizadas em São Paulo, onde alguns japoneses trabalham nos bastidores das atividades. Perto do início da produção, a sede da empresa será transferida para o Paraná, mas a divisão de marketing e vendas, comandada por Baroli, deverá se manter em São Paulo.