Pesquisas de produção e emprego usam metodologias distintas
O economista e diretor-presidente do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), Gilmar Mendes Lourenço, lembra que as duas pesquisas que medem a produção e o emprego na indústria brasileira vêm da mesma instituição, o IBGE, mas possuem metodologias e amostras distintas.
Enquanto a Pesquisa Industrial Mensal Produção Física Regional (PIM-PF) é aplicada em um painel mensal que abrange praticamente o universo das grandes indústrias, cobrindo mais de 60% do valor adicionado da indústria de transformação, a Pesquisa Industrial Mensal de Emprego e Salário (PIMES) levanta informações de emprego e salários de "amostra probabilística" de indústrias, representativas de todo o setor, incluindo o extrativo e também os pequenos e médios estabelecimentos.
"Essas distinções ajudam a entender porque a produção declinou e o emprego cresceu na indústria do Paraná em 2012. Mais especificamente, a queda da demanda externa e a desaceleração ocorrida na economia brasileira afetaram, de forma mais drástica, os setores de bens de capital (investimento) e de insumos básicos, dominados por grandes empresas", explica Lourenço. Seria o caso da cadeia automotiva e dos ramos de papel, celulose, química e máquinas e equipamentos no Paraná. "Em outras palavras, por restrições de natureza metodológica, a PIM-PF não estaria captando ainda a pronunciada expansão verificada nas atividades de bens de consumo não duráveis e semiduráveis (alimentos e produtos têxteis, por exemplo), em resposta à continuidade do vigor da demanda internacional (precisamente para alimentos) e, principalmente, ao fortalecimento do mercado interno brasileiro, impulsionado pela multiplicação da massa de salários."
Por esse raciocínio, o diretor do Ipardes afirma que a PIMES estaria capturando parcela relevante da dinâmica das pequenas e médias empresas, especialmente as operantes no interior do Paraná, que foi responsável pela geração líquida de quase 90% dos empregos industriais com carteira assinada no estado em 2012, segundo o Caged, do Ministério do Trabalho e Emprego. (FZM)
Em um cenário de queda na atividade, de 2,7%, mesmo com as medidas de estímulo do governo federal frente à crise internacional, o emprego na indústria brasileira fechou 2012 com o primeiro recuo em dois anos: - 1,4% depois de avanços 1% em 2011 e 3,4% em 2010. No Paraná, o saldo positivo de 2,23% veio na contramão do desempenho da produção no setor (-4,8%, o pior resultado desde 1995), e ajudou a evitar uma queda maior na ocupação como um todo no país.
INFOGRÁFICO: Paraná foi melhor na ocupação e na folha de pagamento
"Não se pode imaginar um mercado de trabalho diferente do que acontece com o ritmo de produção", diz o economista do IBGE André Macedo. Para ele e outros analistas, o fato de o emprego ter caído menos que a produção se deveu, principalmente, aos altos custos trabalhistas, que fizeram a indústria conter as demissões. Foi um trabalho de segurar a mão de obra especializada que se tinha à mão frente à possibilidade de custos ainda maiores com a rescisão e a capacitação e recontratação no momento de retomada. Entre as soluções de curto prazo, muitos empresários optaram pela redução da jornada. Daí a redução no número de horas pagas de 1,9% no ano.
O resultado de dezembro queda de 0,2% sobre novembro e de 1,3% sobre igual mês de 2011 está em linha com a perda de fôlego da indústria no final do ano passado e serve para alimentar as avaliações de estabilidade em 2013, com os empresários esperando primeiro a recuperação se materializar antes de contratar. "Não vai ter uma alta expressiva do emprego, haverá uma estabilidade ao longo do ano. Então, o empresário industrial vai buscar utilizar melhor a mão de obra neste ano", avalia a economista-chefe da Rosenberg Associados, Thais Zara.
Regiões
Doze dos 14 locais pesquisados pelo IBGE apresentaram taxas negativas de emprego industrial no ano passado, com destaque para São Paulo (-2,6%), que apontou o principal impacto negativo no total da indústria. Paraná, como já mencionado, e Minas Gerais, com avanço de 0,8%, foram os únicos com resultado positivo.
Setorialmente, a contribuição negativa mais relevante veio do vestuário (-8,9%) e a positiva, da área de alimentos e bebidas (3,9%).
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