Curitiba e Londrina – Na semana em que o governo do estado decidiu recusar o R$ 1,5 milhão liberados pelo Ministério da Agricultura para o combate emergencial à febre aftosa, o Paraná registrou a suspeita de quatro focos da doença. No fim da tarde de ontem, a Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab) confirmou que há, no total, 19 bovinos com sintomas de aftosa em quatro fazendas cujos nomes não foram revelados, nos municípios de Grandes Rios (12 animais), Loanda (3), Amaporã (3) e Maringá (1).

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Todos os animais sob suspeita foram comprados por pecuaristas paranaenses no último dia 4, em leilão realizado em Londrina, durante a feira Eurozebu, promovida pela Sociedade Rural do Paraná (SRP). A feira foi realizada entre os dias 1.º e 9 deste mês. Há divergências, entretanto, sobre a procedência desses animais.

O vice-governador e secretário de Agricultura, Orlando Pessuti, afirmou ontem, em entrevista coletiva, que eles vieram de Mato Grosso do Sul. Já o presidente da SRP, Édson Neme, garantiu que as 19 cabeças que apresentam sintomas de aftosa não pertenciam ao lote de 250 animais vendidos na Eurozebu pelo pecuarista José Moacir Turquino.

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Segundo Neme, esse lote foi criado na fazenda Bonanza, localizada no município sul-matogrossense de Eldorado. A propriedade é vizinha à fazenda Vezozzo onde, no último dia 10, foi confirmado o primeiro foco de febre aftosa, que levou ao sacrifício das 582 cabeças criadas na área. Apesar disso, o presidente da SRP afirmou que os animais possivelmente contaminados não são originários de Mato Grosso do Sul, o que levantaria a tese de que a doença possa ter surgido em animais do rebanho paranaense. Considerado área livre da febre aftosa com vacinação, o Paraná não registra casos de aftosa desde 1995.

Neme disse que, no total, foram expostas na Eurozebu 800 cabeças –as 250 de Mato Grosso do Sul e o restante do Paraná. Ele apresentou laudos da Agência de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro) do estado vizinho, que afirmam que o lote da fazenda Bonanza estava vacinado contra a aftosa. No trabalho de manejo durante a feira, todos os animais tiveram contato entre si, declarou Neme.

"A Eurozebu terminou no dia 9. No dia 10, às 9h30, recebemos a informação do primeiro foco de aftosa em Mato Grosso do Sul. Era tarde demais para reter os animais na feira", afirmou Pessuti. Os 19 animais sob suspeita apresentam sintomas típicos de aftosa –dificuldade para andar, salivação abundante e febre. O sangue coletado desses animais foi enviado ao laboratório especializado que o Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento mantém em Belém (PA). A previsão é de que o resultado do exame sorológico, que pode comprovar a presença do vírus aftósico, seja divulgado no início da próxima semana.

Além das 4 fazendas –que somam 5,1 mil animais –, outras 40 propriedades paranaenses que receberam bovinos de Mato Grosso do Sul nos últimos 60 dias foram interditadas por técnicos da Seab e estão sendo vistoriadas. Segundo Pessuti, só depois da eventual comprovação da doença será decidido se os rebanhos dessas propriedades serão sacrificados.

Em Toledo (oeste do estado), 635 animais de casco aberto –bovinos, suínos e ovinos –, espécies suscetíveis à aftosa, estão retidos há dez dias, em quarentena, no Centro de Eventos Ismael Sperafico. Nesse local, foi realizada, entre os dias 8 e 12, a feira agropecuária Exo Toledo. Cinco desses animais foram trazidos de Mato Grosso do Sul. Segundo Pessuti, eles não apresentam qualquer sintoma da aftosa mas, por precaução, só serão liberados após o resultado dos exames.

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Ao ser informado da possível contaminação, o Ministério da Agricultura despachou para o Paraná, no fim da tarde de ontem, seu secretário de defesa animal, Gabriel Maciel, para acompanhar o desdobramento da crise, cuja divulgação inicial alarmou o estado. Ao convocar a imprensa para a entrevista do secretário, a Agência Estadual de Notícias afirmou em seu site na internet que estavam confirmados os quatro focos de aftosa. A informação foi reproduzida pelos maiores sites e agências noticiosas do país. Mesmo que as suspeitas da chegada da aftosa ao Paraná não se confirmem, Pessuti previu que a situação provocará redução das exportações de carne do Paraná. O estado embarca anualmente 40 mil toneladas de carne bovina ao exterior.