Com 11 blocos arrematados no leilão de concessões realizado ontem pelo governo federal, o Paraná vai receber investimentos de pelo menos R$ 174 milhões em exploração de gás natural nos próximos quatro anos. O valor, o mais alto dentre os estados que tiveram áreas adquiridas na 12.ª rodada de licitações, equivale a 35% do previsto para todo o país.
INFOGRÁFICO: Paraná deve receber os maiores investimentos em exploração
Os blocos paranaenses fazem parte junto com cinco áreas em São Paulo da chamada Bacia do Paraná, uma das novas fronteiras do setor de petróleo e gás. Ela vai exigir desembolsos maiores que as bacias maduras, conhecidas e exploradas há mais tempo.
"Se eu tivesse de apontar os grandes sucessos desta rodada, diria em primeiro lugar que a Bacia do Paraná apareceu com pujança no cenário. Foi um resultado excelente", disse a diretora-geral da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Magda Chambriard. Ela lembrou que, na 10.ª rodada, em 2008, nenhum dos blocos dessa bacia despertou interesse das empresas, porque na época o conhecimento sobre ela era ainda mais escasso. A situação mudou de alguns anos para cá, quando a ANP passou a investir em levantamentos geológicos na região.
Nem todas as novas fronteiras se saíram tão bem. As bacias do Acre e do Parnaíba só tiveram um bloco arrematado cada, e nenhuma companhia fez proposta pelas áreas do Parecis e do São Francisco. As bacias maduras do Recôncavo e de Sergipe-Alagoas, por sua vez, concentraram os principais lances.
Paranaenses
Dos 14 blocos ofertados no Paraná, três não receberam propostas. Os demais foram arrematados por seis empresas, que ao todo vão desembolsar R$ 21,5 milhões em bônus de assinatura seis vezes o valor mínimo estabelecido no edital. Um dos blocos, no Centro-Oeste do estado, saiu por R$ 10,8 milhões, o terceiro maior lance dentre os 72 arrematados em território nacional.
O consórcio formado por Petrobras (60%) e Cowan (40%) arrematou cinco blocos. Atuando sozinha, a estatal levou outros dois. E uma sociedade formada pelas paranaenses Copel (30%), Bayar (30%) e Tucumann (10%), mais a fluminense Petra Energia (30%), ficou com quatro blocos.
As empresas vencedoras devem iniciar a busca pelo gás assim que os contratos de concessão forem assinados, no início de 2014. Para fazer a exploração, terão de obter licença do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) e negociar direito de passagem e uso com os donos das áreas, todas situadas na faixa oeste do Paraná, uma das mais importantes regiões agrícolas do estado. Caso as concessionárias descubram reservas comerciais e comecem a produzir gás, terão de destinar 1% do faturamento bruto aos proprietários das terras.
Estreante, Copel vê chance de descoberta em poucos meses
A 12.ª rodada de licitações da ANP marcou a estreia da Copel no setor de óleo e gás. Em parceria com três empresas, a companhia arrematou quatro blocos no Paraná por R$ 12,5 milhões, com ágio de 680% sobre o lance mínimo. A estatal estima investir R$ 100 milhões nessas áreas em quatro anos, na etapa de exploração.
O presidente da Copel, Lindolfo Zimmer, disse à Gazeta que dois desses blocos têm potencial para gás convencional e dois, para o não convencional (gás de folhelho). "Baseados em estudos feitos no passado pela Paulipetro [antiga estatal paulista] e pela Petrobras, consideramos que, nos dois blocos de gás convencional, temos chance de encontrar gás rapidamente, em seis meses. Os outros dois envolvem um horizonte mais longo", afirmou.
O bloco mais caro, comprado por R$ 10,8 milhões, abrange o campo de Barra Bonita, no município de Pitanga. Essa área abriga uma reserva não comercial de gás já conhecida. Segundo o presidente da Copel, a ideia é perfurar poços mais profundos, em busca de volumes maiores.
A companhia tem 30% do consórcio vencedor, que será operado pela Petra Energia (30%), empresa que já explora gás em outras bacias. Os outros sócios são o grupo de investidores paranaenses Bayar Empreendimentos (30%) e a empresa de engenharia Tucumann (10%), de Curitiba. Os parceiros foram escolhidos após uma chamada pública feita pela Copel. "Temos uma sócia com grande experiência, que é a Petra. É o que buscávamos", disse Zimmer. Quanto ao destino do gás que vier a ser descoberto, "tudo são possibilidades", segundo o executivo. "Temos a termelétrica de Araucária, temos a Compagas [distribuidora de gás canalizado] e temos indústrias que precisam desse combustível. Mas primeiro temos de ver se existe gás e o quanto existe, e então definir seu uso em função do volume. A primeira necessidade tende a ser o abastecimento de quem precisa desse combustível, e em seguida seu uso para a geração de energia."
O repórter viajou a convite da ANP