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Conjuntura

Preço fez gás de xisto revolucionar setor nos EUA

A extração de gás de xisto (não convencional) revolucionou o mercado de energia nos EUA e contribuiu para a retomada econômica. A nova técnica, que se tornou viável em meados da década passada, aumentou em 30% a produção total de gás natural no país entre 2006 e 2012, segundo a EIA (agência de energia americana). A maior oferta derrubou o preço do produto nos EUA para o menor valor no mundo e reduziu custos para alguns setores da indústria.Mas o maior avanço está por vir. Entre 2011 e 2040, a produção de gás natural nos EUA deve crescer 44%. Com o aumento da oferta e a manutenção dos baixos custos de produção, empresas temem a fuga de investimentos para os EUA e a adoção do gás como fonte alternativa ao petróleo, em substituição ao etanol.

Meio ambiente

Normas para licenciamento ficam para o ano que vem

Pedro Brodbeck

As regras para o licenciamento ambiental para exploração das áreas só serão definidas em 2014. De acordo com o Instituto Ambiental do Paraná (IAP), a Agência Nacional de Petróleo (ANP) e o Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) precisam disciplinar as normas ambientais para o uso das áreas. Somente depois dessa definição, o IAP poderá receber os pedidos de licenciamento ou então tornar as exigências ainda mais duras. A menos que uma força-tarefa seja montada em dezembro, a definição por parte dos órgãos ainda vai demorar para sair. Isso porque a última reunião ordinária entre agência e conselho foi realizada na semana passada sem qualquer definição sobre o tema.

O ponto mais polêmico trata da exploração de gás natural não convencional por fraturamento hidráulico (fracking). De acordo com o consultor do setor elétrico Ivo Pugnaloni, a técnica pode causar danos ambientais. "Ao injetar produtos químicos para a extração do gás, a técnica oferece risco aos mananciais e às lavouras de uma região altamente produtiva", diz. Além disso, ele acredita que a demora na definição pode trazer insegurança jurídica.

Em relação às críticas ao fracking, o presidente da Copel, Lindolfo Zimmer, disse que uma das razões para a entrada da estatal no leilão, sob orientação do governador Beto Richa, foi "garantir o uso das melhores práticas ambientais e proteger o Paraná, como já é tradição na empresa".

Bayar em SP

O grupo de investidores Bayar, registrado no Paraná, arrematou sete blocos no leilão de ontem. Além das quatro áreas paranaenses, compradas em conjunto com três empresas, a empresa também levou – por R$ 2,5 milhões – três lotes em São Paulo, onde atuou em parceria com a Petra Energia.

Com 11 blocos arrematados no leilão de concessões realizado ontem pelo governo federal, o Paraná vai receber investimentos de pelo menos R$ 174 milhões em exploração de gás natural nos próximos quatro anos. O valor, o mais alto dentre os estados que tiveram áreas adquiridas na 12.ª rodada de licitações, equivale a 35% do previsto para todo o país.

INFOGRÁFICO: Paraná deve receber os maiores investimentos em exploração

Os blocos paranaenses fazem parte – junto com cinco áreas em São Paulo – da chamada Bacia do Paraná, uma das novas fronteiras do setor de petróleo e gás. Ela vai exigir desembolsos maiores que as bacias maduras, conhecidas e exploradas há mais tempo.

"Se eu tivesse de apontar os grandes sucessos desta rodada, diria em primeiro lugar que a Bacia do Paraná apareceu com pujança no cenário. Foi um resultado excelente", disse a diretora-geral da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Magda Chambriard. Ela lembrou que, na 10.ª rodada, em 2008, nenhum dos blocos dessa bacia despertou interesse das empresas, porque na época o conhecimento sobre ela era ainda mais escasso. A situação mudou de alguns anos para cá, quando a ANP passou a investir em levantamentos geológicos na região.

Nem todas as novas fronteiras se saíram tão bem. As bacias do Acre e do Parnaíba só tiveram um bloco arrema­tado cada, e nenhuma com­panhia fez proposta pelas á­reas do Parecis e do São Fran­cisco. As bacias maduras do Recôncavo e de Sergipe-Alagoas, por sua vez, concentraram os principais lances.

Paranaenses

Dos 14 blocos ofertados no Paraná, três não receberam propostas. Os demais foram arrematados por seis empresas, que ao todo vão desembolsar R$ 21,5 milhões em bônus de assinatura – seis vezes o valor mínimo estabelecido no edital. Um dos blocos, no Centro-Oeste do estado, saiu por R$ 10,8 milhões, o terceiro maior lance dentre os 72 arrematados em território nacional.

O consórcio formado por Petrobras (60%) e Cowan (40%) arrematou cinco blocos. Atuando sozinha, a estatal levou outros dois. E uma sociedade formada pelas paranaenses Copel (30%), Bayar (30%) e Tucumann (10%), mais a fluminense Petra Energia (30%), ficou com quatro blocos.

As empresas vencedoras devem iniciar a busca pelo gás assim que os contratos de concessão forem assinados, no início de 2014. Para fazer a exploração, terão de obter licença do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) e negociar direito de passagem e uso com os donos das áreas, todas situadas na faixa oeste do Paraná, uma das mais importantes regiões agrícolas do estado. Caso as concessionárias descubram reservas comerciais e comecem a produzir gás, terão de destinar 1% do faturamento bruto aos proprietários das terras.

Estreante, Copel vê chance de descoberta em poucos meses

A 12.ª rodada de licitações da ANP marcou a estreia da Copel no setor de óleo e gás. Em parceria com três empresas, a companhia arrematou quatro blocos no Paraná por R$ 12,5 milhões, com ágio de 680% sobre o lance mínimo. A estatal estima investir R$ 100 milhões nessas áreas em quatro anos, na etapa de exploração.

O presidente da Copel, Lindolfo Zimmer, disse à Gazeta que dois desses blocos têm potencial para gás convencional e dois, para o não convencional (gás de folhelho). "Baseados em estudos feitos no passado pela Paulipetro [antiga estatal paulista] e pela Petrobras, consideramos que, nos dois blocos de gás convencional, temos chance de encontrar gás rapidamente, em seis meses. Os outros dois envolvem um horizonte mais longo", afirmou.

O bloco mais caro, comprado por R$ 10,8 milhões, abrange o campo de Barra Bonita, no município de Pitanga. Essa área abriga uma reserva não comer­cial de gás já conhecida. Segundo o presidente da Copel, a ideia é perfurar poços mais profundos, em busca de volumes maiores.

A companhia tem 30% do consórcio vencedor, que será operado pela Petra Energia (30%), empresa que já explora gás em outras bacias. Os outros sócios são o grupo de investidores paranaenses Bayar Empreendimentos (30%) e a empresa de engenharia Tucumann (10%), de Curitiba. Os parceiros foram escolhidos após uma chamada pública feita pela Copel. "Temos uma sócia com grande experiência, que é a Petra. É o que buscávamos", disse Zimmer. Quanto ao destino do gás que vier a ser descoberto, "tudo são possibilidades", segundo o executivo. "Temos a termelétrica de Araucária, temos a Compagas [distribuidora de gás canalizado] e temos indústrias que precisam desse combustível. Mas primeiro temos de ver se existe gás e o quanto existe, e então definir seu uso em função do volume. A primeira necessidade tende a ser o abastecimento de quem precisa desse combustível, e em seguida seu uso para a geração de energia."

O repórter viajou a convite da ANP

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