Influenciada pela redução das taxas de juros, pela oferta de crédito e pela inflação sob controle, a construção civil encerrará 2007 com o melhor desempenho dos últimos cinco anos no Paraná. E o ritmo deve ser mantido em 2008. Os lançamentos imobiliários deverão alcançar a marca de 2,5 bilhões, o que representa um aumento de 40% em relação a esse ano.
Estima-se que os financiamentos para a compra da casa própria aumentem de R$ 17 bilhões, em 2007, para R$ 20 bilhões em todo o Brasil em 2008. Desse total, pelo menos R$ 1 bilhão em negócios devem ser gerados no estado, calcula Hamilton Pinheiro Franck, presidente do Sindicato da Indústria da Construção (Sinduscon) no Paraná. "Estamos recuperando o que perdemos na crise do setor nos últimos anos."
O volume de lançamentos em 2007 deve superar os números de 2002, considerado um dos melhores anos da construção civil e chegar a 2,2 milhões de metros quadrados, 30% mais do que em 2006. Em unidades, o aumento é ainda mais expressivo. No acumulado do ano, foram colocadas no mercado 2,6 mil unidades residenciais, 64,5% acima das 1.580 registradas em todo ano passado. Na área comercial, o crescimento encosta nos 50%, com 1.422 novos empreendimentos até agora. "Praticamente não há mais estoques", diz Franck, que ressalta que o cliente está recuperando o hábito de comprar o imóvel na planta, iniciativa que não era registrada com freqüência desde a crise da Encol, no fim da década de 90.
Os problemas da construtora goiana no estado, combinados a um cenário de escassez de crédito, baixa rentabilidade e muita concorrência, deixaram marcas no mercado imobiliário, principalmente em Curitiba, que viu a saída de várias empresas do mercado. Cenário que a maior parte das construtoras prefere esquecer. Hoje o ambiente é outro, segundo o diretor da construtora Plaenge em Curitiba, Fernando Fabian. O grupo, com sede em Londrina, deve fechar o ano com receita de R$ 260 milhões e tem programados lançamentos com valor de R$ 56 milhões na capital. "Além da redução da taxa de juros, os bancos estão mais flexíveis na concessão de crédito e a brurocracia diminuiu."
Para o gerente de marketing do grupo Thá, Eduardo Quiza, o setor da construção civil deve igualar em 2007 os números de 1996, um dos melhores da história do setor. Somente em lançamentos residenciais, o grupo, que deve fechar o ano com receita de R$ 92 milhões, aumentou em 160% o volume, com projetos envolvem 83 mil metros quadrados e totalizam R$ 83 milhões em investimentos em 2007. A previsão para 2008 é de um crescimento de 120%. Ao contrário dos últimos anos, a compra do imóvel voltou a ser uma opção para investidores e a procura, segundo Hugo Peretti Neto, diretor geral da construtora Hugo Peretti, deve provocar recuperação dos preços dos imóveis entre 15% e 20% em Curitiba até o final de 2008.
A maior parte das empresas acredita que o crescimento veio para ficar. José Américo Baggio, diretor financeiro da J.A.Baggio, diz que a empresa cresceu 46% até outubro desse ano e deve manter o ritmo para 2008. "Não diria que o setor vive céu de brigadeiro, porque não se pode dizer que exista isso em algum setor no Brasil. Mas a expansão com certeza dá sinais de que é consistente", completa Hamilton Franck, do Sinduscon.