As empresas paranaenses apresentaram em 2006 o melhor desempenho da Região Sul. Após dois anos de atividade deprimida pela estiagem, as companhias do estado foram melhor do que suas vizinhas gaúchas e catarinenses em aumento do faturamento, do patrimônio líquido e dos lucros. As 100 maiores cravaram a maior rentabilidade sobre a receita, em 12 dos 27 setores analisados pelo ranking "Grandes & Líderes". O levantamento é organizado pela revista gaúcha Amanhã, em parceria com a auditoria PriceWaterhouseCoopers. O indicador é importante porque "mostra a eficiência da empresa", explica o sócio da Price em Curitiba, Carlos Peres.
O estudo, que se debruça anualmente sobre as 500 maiores empresas dos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, mostra liderança paranaense em outro aspecto: as 175 empresas do estado presentes no ranking somam um patrimônio líquido bem superior ao do conjunto das empresas dos estados vizinhos. Em 2006, o patrimônio somado das 100 maiores empresas do estado cresceu 29,9% em relação a 2005, enquanto o lucro aumentou 23%.
Nem todos os destaques pertencem a nomes consagrados da elite empresarial paranaense. No setor automotivo, por exemplo, a maior receita pertence à Renault (R$ 3,3 bilhões), que prevê para 2009 a obtenção de seu primeiro lucro no Brasil, mas a fornecedora de componentes WHB alcançou a maior rentabilidade do Sul (17,7%). Na busca por esse resultado, investiu em contenção de custos, importou maquinário aproveitando o dólar baixo e abriu mais uma unidade ao lado de sua fábrica na Cidade Industrial de Curitiba. "Só não imaginávamos que o aumento de demanda seria tão forte. Estamos dando conta das entregas graças às ampliações que fizemos", conta o gestor financeiro, Ricardo Cecy.
Na área de transporte e logística, o desempenho aparece diretamente ligado à retomada do setor agrícola. O Terminal de Contêineres do Paraná (TCP) obteve a maior rentabilidade do ramo (23,6%), resultado para o qual contribuiu a adoção de modelo de gestão utilizado em portos estrangeiros. A alteração garantiu mais organização e produtividade, de acordo com o diretor Juarez Moraes e Silva.
Também foram ampliadas a área de armazenagem de contêineres e a capacidade de embarque de cargas frigorificadas o que contribuiu para elevar o faturamento em 67% em 2006. As cargas congeladas representaram 11% do faturamento total, ante 8% em 2005. O crescimento de sua relevância, porém, trouxe complicações este ano devido à greve dos fiscais agropecuários, que já dura três meses, com intervalos, e seu fim depende da formalização de um acordo. "O estrago não foi pequeno", diz Silva.
Outro fato inesperado no ano foi a crise imobiliária dos EUA, que pode afetar a Agro Pastoril Novo Horizonte bicampeã em rentabilidade em 2006 e 2005 no setor de madeira e reflorestamento. O valor impressiona: a rentabilidade sobre a receita foi de 98,2%, e havia sido de 80,9% em 2005. "Chama a atenção porque a empresa não é grande, faturou R$ 19 milhões em 2006, mas lucrou R$ 10 milhões desse valor", diz o diretor da revista Amanhã, Eugênio Esber.
A Dacar Tintas também aparece na pesquisa pela segunda vez, com a maior rentabilidade no setor de química (21,2%) depois de ser vice-líder em 2005, quando obteve 16,6%. No setor de plástico e borracha, a Companhia Providência Indústria e Comércio é outra bicampeã em rentabilidade (com 18,8% e 20,9% em 2006 e 2005, respectivamente). O resultado de 2007, que será divulgado dentro de um ano, trará os reflexos da venda para fundos de investimento e da abertura de capital, realizada em julho.
Na opinião de Esber, há outras empresas no estado que servem de exemplo, como a fabricante de equipamentos para automação Bematech, da qual os jovens fundadores (Wolney Betiol e Marcel Martins Malczewski) mantêm apenas 10% do capital cada um. "Serve de alerta para empreendedores que preferem sentir-se donos exclusivos do negócio", diz. A empresa ficou em 2.º lugar entre as maiores receitas de informática, com R$ 192,29 milhões. Em abril, a Bematech abriu capital em bolsa.
Outros líderes de rentabilidade em seus setores foram Leão Júnior, Usina São Tomé, Itambé, J. Malucelli, Ecovia, Vivo e Banestado Leasing.