Desenvolvimento
Capacidade brasileira ainda é baixa
Apesar de a Pintec mostrar evolução em alguns indicadores de inovação, a capacidade de a indústria brasileira introduzir novidades ainda é muito baixa. Das cerca de 90 mil empresas pesquisadas no Brasil, apenas 3,2% desenvolveram um produto novo para o mercado nacional. No levantamento anterior, esse porcentual era de 2,7%. O desempenho melhora à mesma proporção que aumenta o tamanho da empresa. Nas indústrias com 10 a 49 empregados, apenas 2,1% produziram algo novo; o índice é de 3,7% para as empresas com 50 a 99 pessoas, de 6,5% para aquelas com 100 a 249 funcionários, de 9,4% onde há de 250 a 499 empregados, e de 33,4% nas grandes empresas, com 500 ou mais trabalhadores.
"O quadro de competição mundial nos indica que temos de fazer um grande esforço de inovação. Precisamos caminhar muito ainda", diz o diretor-presidente do IBQP-PR, Carlos Artur Krüger Passos. O diretor-presidente da Sigma Dataserv Informática, professor convidado do Estação-Ibmec, Eduardo Guy de Manuel, é mais crítico ainda sobre a realidade brasileira. "Estamos muito atrás. Nos últimos três anos, com exceções como a Vale do Rio Doce e a Embraer, nenhuma empresa brasileira se destacou com solução inovadora de produto", afirma. Para ele, a cooperação entre universidades e empresas também precisa aumentar. (RF)
O empresariado do Paraná foi o grande destaque da Pesquisa de Inovação Tecnológica (Pintec) 2005, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em comparação com o levantamento anterior, referente a 2003, a taxa de inovação da indústria paranaense passou de 36,9% para 40,4%. A taxa média brasileira passou de 33,4% para 34,4%. A participação do Paraná no total de empresas inovadoras no Brasil também aumentou: de 8,37% em 2003 para 10,4%.
A Pintec considera inovadora a empresa que aplicou um processo novo na produção ou desenvolveu algum produto novo. No ranking nacional de taxa de inovação, o Paraná aparece na segunda colocação, atrás de Amazonas (50,6%), que sofre a influência das indústrias instaladas na Zona Franca de Manaus. Na avaliação do diretor-presidente do Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade no Paraná (IBQP-PR), Carlos Artur Krüger Passos, as empresas paranaenses são "forçadas" a investirem em inovação. "Uma gama grande das indústrias paranaenses estão submetidas a condições concorrenciais que as forçam a serem inovadoras." Ele também destaca as empresas tecnológicas instaladas no Paraná, especialmente na região metropolitana de Curitiba. "O caráter inovador dessas empresas já é amplamente reconhecido, independente de pesquisa", diz.
Os gastos com inovação tecnológica no Paraná, no entanto, sofreram redução. A relação entre o investimento em inovação e a receita líquida de vendas do estado caiu de 3,7% para 2,48%, de acordo com a Pintec 2005. A média brasileira é de 2,8%, contra 2,5% do período anterior. O IBGE destaca como positivo o fato de que, das 33 atividades industriais pesquisadas, 24 ampliaram os investimentos em processos ou produtos inovativos.
Em relação à localização das empresas inovadoras, 35,3% delas estão em São Paulo. Em seguida estão Rio Grande do Sul (10,6%), Minas Gerais (10,5%), Paraná (10,4%) e Santa Catarina (8,7%). De acordo com a supervisora da Pintec, Andrea Salvador, o número total de indústrias brasileiras que fizeram alguma inovação em processo ou produto permaneceu estável em função do aumento das empresas de pequeno porte. "Há uma correlação alta entre o tamanho de empresa e inovação." Considerando apenas as empresas com 500 ou mais funcionários, a taxa de inovação é de 79,2%. O porcentual mais baixo fica por conta das empresas com 10 a 49 pessoas (28,9%). Mas houve um crescimento importante entre as empresas de médio porte, com 100 a 499 empregados. A taxa passou de 43,8% para 55,5%.
A pesquisa mais recente do IBGE também analisou a capacidade de inovação de alguns serviços. Na área de telecomunicações, a taxa de inovação brasileira está em 45,9%; consultoria em software, 77,9%; outras atividades de informática, 49,6%; e pesquisa e desenvolvimento,97,6%. Andrea destaca também a cooperação maior entre empresas e centros de pesquisa. "O trabalho conjunto com universidades vêm crescendo, assim como o número de pessoas com graduação e pós-graduação nas empresas", afirma. As fontes de idéias produzidas por institutos de pesquisa e universidade e utilizadas por empresas passaram a representar 12%, contra 8,4% em 2003. Também houve crescimento na aquisição de patentes: de 2,9% para 5,9%.
"A pesquisa parece indicar que as empresas estão cada vez mais conscientes de que o esforço inovativo é a forma essencial de garantir a permanência da empresa em um mundo globalizado", analisa Passos, do IBQP. Segundo ele, a indústria brasileira tende a inovar cada vez mais para poder concorrer com produtos de outros países, especialmente os asiáticos. "A China, por exemplo, tem uma vantagem competitiva importante que é a diferenciação salarial. O Brasil não vai utilizar essa estratégia, então o modo de vencer a concorrência não passa pelo preço, mas sim pela inovação tecnológica."
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