Ao menos quatro empresas do setor metal-mecânico, com sede em Curitiba ou região metropolitana, demonstram algum interesse em abrir filiais ou terceirizar parte da produção no país vizinho. Nélson Hübner, diretor do Grupo Hübner que concentra sete empresas da região metropolitana de Curitiba e dos Campos Gerais , é o mais entusiasmado. Mantém contato com empresários paraguaios há dois anos, e diz já ter encontrado uma empresa para firmar parceria. "Pensamos em montar, dentro de dois anos, uma fábrica grande no Paraguai. Queremos aliar nosso conhecimento tecnológico às vantagens oferecidas pelo governo paraguaio", diz o empresário.
A preocupação em encontrar parceiros é geral poucas empresas mostram disposição em se arriscar sozinhas em terras paraguaias. "O programa é interessante, parece viável. Mas, sem o Mercosul funcionar de fato, ainda sentimos alguma insegurança em ir para lá", diz Nei Batista da Silva, diretor comercial da Lavex Mil, fábrica de São José dos Pinhais que produz equipamentos para lavanderias industriais, comerciais e hospitalares.
Para a Suguiura Indústria Mecânica, empresa de Pinhais que fornece equipamentos para vários segmentos, especialmente o petrolífero e o ferroviário, o principal obstáculo ainda é desenvolver um tipo de produto que tenha matéria-prima garantida e clientes fixos, seja no Paraguai ou no mercado externo. "Hoje, nós só fabricamos por encomenda, e não podemos abrir uma filial lá nessa situação", explica o diretor da empresa, Wilson Sugiura, que viajou ao país vizinho em maio. "Mas, como temos interesse em aproveitar o custo de produção no Paraguai, que é ínfimo, estudamos algo que pudéssemos produzir em série por lá."
Roseval Costa, gerente da curitibana Perfipar, que produz perfilados de aço, esteve no Paraguai no mês passado. Cauteloso, diz que a empresa ainda vai fazer um estudo mais aprofundado sobre os custos da operação. "Quando você olha somente para os impostos, a coisa fica bastante convidativa", avalia. "Poderíamos fornecer a matéria-prima, de que os paraguaios precisam, e depois comprar o produto. Mas e o frete? No Brasil, de 7% a 8% dos nossos custos são com o transporte da matéria-prima. Então, gastaríamos o dobro, levando a matéria-prima e trazendo o produto."