A participação de pessoas físicas nos investimentos na Bolsa brasileira em 2012 foi a menor desde a criação do Novo Mercado, em 2000 - segmento de empresas com maior nível de governança corporativa.
Ao mesmo tempo, a fatia de investimentos estrangeiros no ano passado foi a maior da série histórica da Bolsa, iniciada em 1994.
As pessoas físicas foram responsáveis, em 2012, por 17,9% do volume negociado, menos que os 21,4% de 2011 e que os 20,2% de 2000.
Considerando toda a série histórica, mesmo antes da reformulação da Bolsa que criou o Novo Mercado e impulsionou os negócios, a parcela de pessoas físicas em 2012 foi a menor desde 1999, quando ficou em 15,9%. Já os estrangeiros representaram 40,4% dos investimentos no ano passado. Em 2011, foram 34,7%. Em 2000, 22%, e, em 1994, foram 21,4%.
O aumento da fatia dos estrangeiros ao longo de 2012 refletiu o senso de oportunidade desses investidores -geralmente, grandes fundos-, que aproveitaram os baixos preços de ações brasileiras para comprar. Em 2011, o Ibovespa, principal índice da Bolsa, caiu 18%.
Mas o recorde de participação de aplicadores do exterior deve-se também à fuga do pequeno investidor doméstico do mercado acionário. A fatia referente às pessoas físicas diminuiu 3,5 pontos percentuais de 2011 para 2012, o que representa 60% do aumento da estrangeira.
E foi justamente a queda do Ibovespa -que atraiu os investidores profissionais- um dos principais causadores do afastamento do pequeno poupador.
"O fato de a parcela de pessoas físicas ter diminuído evidencia a tendência de retorno dos estrangeiros", diz André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos.
Na avaliação de Perfeito, considerando que as incertezas internacionais já baratearam bastante os preços no Brasil, os estrangeiros, em busca de oportunidade de ganhos, devem continuar no mercado local em 2013.
"As pessoas físicas também deverão retornar à Bolsa, até porque, com juros baixos, precisam encontrar formas de manter os rendimentos. Mas certamente, pelo receio com as perdas passadas, vão demorar mais um pouco para voltar e entrarão quando a Bolsa já estiver cara."
Saldo
Em 2012, a Bolsa brasileira teve saldo de R$ 1,8 bilhão em investimentos estrangeiros. No ano anterior, houve resgate líquido de R$ 1,4 bilhão.