Jazida está localizada nos domínios da Fazenda Itataia, em Santa Quitéria (CE), a 210 km de Fortaleza| Foto: Divulgação/INB
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Um dos projetos listados no Plano Nacional de Fertilizantes (PNF) – que o governo lançou na sexta-feira (11) para reduzir a dependência brasileira no setor – é a exploração da jazida de Itataia, localizada no município de Santa Quitéria, no Ceará, a cerca de 210 km de Fortaleza. Na reserva, encontram-se de forma associada o fosfato, que pode ser utilizado como insumo para o agronegócio, e o urânio, que serve de combustível para usinas nucleares.

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Por isso, além de constar do PNF, o projeto Santa Quitéria, como é chamado, está habilitado também na Política Pró-Minerais Estratégicos, do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI). Um consórcio formado pela estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB) e pela fabricante de fertilizantes baiana Galvani em 2011 está habilitado a explorar a jazida, localizada nos domínios da Fazenda Itataia, que tem 4.042 hectares.

Há mais de dez anos, o consórcio trabalha no licenciamento ambiental do projeto junto ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), sob críticas de grupos de moradores locais e movimentos sociais. A expectativa é de que a aprovação do Relatório de Impacto Ambiental (Rima), apresentado em 2017, seja acelerada com o início do PNF – que prevê, entre outras medidas, a desburocratização de processos de licenciamento para exploração de minas.

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De acordo com a Galvani, superada essa etapa, o início das obras deve ocorrer entre o fim deste ano e o início de 2023, para que a operação propriamente dita tenha início a partir do segundo semestre de 2024 ou no primeiro semestre de 2025. Vencedora de uma licitação aberta pela INB, a empresa é a responsável pelos investimentos e por desenvolver os processos, a engenharia, os estudos para o licenciamento ambiental, a construção e a montagem do empreendimento.

O fosfato é predominante no local, correspondendo a cerca de 90% da jazida. Segundo o INB, estão disponíveis aproximadamente 8,9 milhões de toneladas do mineral e 80 mil toneladas de urânio, que seriam explorados ao longo de 20 anos de vida útil do empreendimento.

Ao todo, são previstos investimentos de R$ 2,3 bilhões pelo consórcio em um complexo que fará tanto a exploração quanto o beneficiamento do minério composto de fosfato e urânio e conhecido como colofanito. Em sua capacidade máxima, a mina, cuja lavra será realizada a céu aberto e em cava, deve produzir anualmente 1,05 milhão de toneladas de fertilizantes fosfatados, além de 220 mil toneladas de fosfato bicálcico, usado na nutrição animal.

O volume será suficiente para atender o equivalente a 25% da demanda de fertilizantes fosfatados no Norte e no Nordeste, e de 50% da demanda por fosfato bicálcico nas duas regiões, segundo a Galvani. Hoje, o Brasil importa mais de 70% dos insumos à base de fosfato utilizados na agricultura.

O PNF é um esforço do governo para reduzir a dependência brasileira da importação de NPK (sigla para nitrogênio, fósforo e potássio), escancarada recentemente após o início da guerra na Ucrânia e das consequentes sanções de países do Ocidente à Rússia, principal fornecedor dos insumos.

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O plano pode beneficiar o projeto Santa Quitéria ainda com a concessão de incentivos fiscais e tributários para a aquisição de máquinas, equipamentos, materiais de construção e serviços e com a abertura de linhas de crédito especiais.

Urânio vai abastecer as usinas nucleares de Angra 1, 2 e 3

Além dos derivados do fosfato, o complexo de Santa Quitéria deve produzir aproximadamente 2,3 mil toneladas de concentrado de urânio (conhecido como “yellow cake”), que ficará sob responsabilidade da INB. O material, após convertido em um gás, o hexafluoreto de urânio (UF6), será enriquecido para ser utilizado nas centrais termonucleares de Angra 1 e Angra 2 e da futura Angra 3, com conclusão prevista para 2026.

O processo de conversão do concentrado de urânio em UF6 não é feito no Brasil. Embora o país domine a tecnologia, ainda não dispõe de escala para fazer o processo. Na etapa seguinte, o INB vem trabalhando há anos para ampliar a usina de enriquecimento do combustível em Resende (RJ), hoje capaz de atender 60% da demanda de Angra 1.

Segundo o INB, a exploração de urânio da jazida de Santa Quitéria, somada à produção de Caetité (BA), deve ser suficiente para atender a capacidade de todas as usinas atômicas previstas no Plano Nacional de Energia (PNE), que projeta uma capacidade instalada de 10GW de energia nuclear no país até 2050.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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