O mau resultado da economia no primeiro trimestre, que deve mostrar expansão entre 0,3% e 0,5%, está levando parte da equipe econômica a rever para baixo a estimativa do Produto Interno Bruto (PIB) nos trimestres seguintes. E com consequências para o ano todo, que deve fechar com avanço abaixo de 3%.
Dentro da equipe econômica, havia contas iniciais apontando para uma alta em torno de 1% da economia entre abril e junho deste ano, mas estão sendo revisadas e ficarão entre 0,6% e 0,7%, segundo uma fonte da equipe econômica relatou à Reuters.
"Até agora não vimos nada que mereça tal otimismo [de uma variação mais próxima de 1 por cento]", disse a fonte, que trabalha com dois cenários. No mais pessimista, o PIB mostraria crescimento de 0,50% no primeiro trimestre, de 0,7% no segundo e de 1% tanto no terceiro quanto no quarto períodos, fechando o ano com, no máximo, expansão de 2,64%.
Segundo a fonte, um cenário mais otimista para terceiro e quarto trimestres leva em conta a permanência da Grécia na zona do euro, a inflação no centro da meta, de 4,5% por cento pelo IPCA, e "taxa Selic mais baixa". Atualmente, a taxa básica de juros do país está em 9% ao ano e deve ser reduzida a 8,50% nesta quarta-feira (30), segundo pesquisa da Reuters.
Com isso, o terceiro e o quarto teriam uma variação positiva de 1,2% cada, encerrando o ano com crescimento de 2,8% por cento para 2012, informou a fonte.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou à Reuters na segunda-feira que o PIB brasileiro deverá crescer entre 3% e 4% em 2012, abaixo dos 4,5% previstos antes.
A preocupação dentro da equipe da presidente Dilma Rousseff também envolve o setor industrial, cuja recuperação será determinante para o futuro da atividade. "Até o momento, a atividade está muito concentrada no setor serviço", acrescentou uma segunda fonte.
Apesar do cenário mais complicado no curto prazo, as avaliações também mostram que, no segundo semestre, a atividade econômica estará acelerando e deve encerrar o ano rodando entre 4% e 4,5%.
Otimismo
Diante do números piores, o governo terá o trabalho de manter o ânimo da sociedade, incluindo o setor produtivo. Mantega falará, por exemplo, que o resultado do PIB nos três primeiros meses do ano é passado e que o importante é que a partir de maio a atividade começará a reagir.
Em outra área do Ministério da Fazenda, a indicação é que as reduções já feitas na taxa Selic e as medidas de incentivo adotadas começarão a gerar efeito no segundo trimestre e surtirão efeito pleno no segundo semestre.
"Tomamos várias medidas, tanto do ponto de vista do crédito, quanto de incentivo e isso surtirá efeito".
No Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, o secretário-executivo, Alessandro Teixeira, disse que a ordem da presidente Dilma Rousseff é que a economia brasileira seja blindada.
"O governo está muito com o pé no chão quanto ao andamento da economia. É uma ordem da presidente Dilma Rousseff estarmos plugados na economia mundial. Em nenhum momento, o governo brasileiro vai ser pego de surpresa com o cenário internacional e isso é muito claro no trabalho do Ministério da Fazenda", comentou.
Teixeira comentou que o segundo semestre será melhor que o primeiro e que um dos fatores é que a economia norte-americana tem dado alguns sinais de recuperação. Para ele, o crescimento do PIB neste ano ficará entre 2,5% e 3%. "O cenário (externo) está pior em 2012 do que em 2011", complementou.
Ele observou, no entanto, que o governo possui instrumentos para proteger a economia do agravamento da crise externa. "O governo vai resguardar a economia brasileira em tudo o que estiver ao seu alcance".
Além das medidas já adotadas e da redução dos juros em curso, Teixeira disse que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é um instrumento importante e que o governo também pode adotar outras medidas para incentivar o consumo e ampliar os gastos públicos em infraestrutura.