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Aviação

Passageiros executivos somem e aéreas recorrem a promoções

TAM informou que, apesar dos cortes, não deixará de operar em nenhum dos destinos que já atende. | Henry Milleo/Gazeta do Povo
TAM informou que, apesar dos cortes, não deixará de operar em nenhum dos destinos que já atende. (Foto: Henry Milleo/Gazeta do Povo)

O agravamento da crise econômica provocou uma queda acentuada no número de passageiros que viajam a trabalho em 2015. Segundo dados da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), a proporção entre passageiros de negócios e os demais, que era de 60% e 40%, inverteu-se nos últimos três meses.

As empresas têm direcionado suas ações de marketing para atrair mais usuários que viajam a lazer, turismo ou em visita a parentes, com a ampliação das tarifas promocionais. A Gol lançou no último fim de semana o super feirão de passagens, com volta a R$ 59 para diversos destinos. O resultado de campanhas como essa são aviões lotados, com ocupação acima de 80%, mas a um custo alto para o setor.

As empresas relatam que os executivos de empreiteiras sumiram. Muitas construtoras estão quase paralisadas pela Operação Lava Jato e, além disso, não há grandes obras de infraestrutura em franca expansão, diz uma fonte. Poucos setores mantêm a demanda de passageiros de negócios.

Para as companhias, a mudança é ruim porque o passageiro de negócios viaja em cima da hora e paga preços mais elevados pelo bilhete. Segundo estimativas da Abear, o valor médio pago por passageiro a cada quilômetro voado, indicador de rentabilidade do setor, está 20% mais baixo em relação ao ano passado, já considerando a inflação. Com as promoções, o universo de passageiros transportados cresceu 3,77% em maio, em relação ao mesmo período do ano passado.

Porém, a avaliação é que a onda de promoções não é sustentável por um longo período. “A promoção é um esforço mercadológico, de curto prazo. Não existe promoção permanente”, destacou o consultor da Abear, Maurício Emboada.

Segundo ele, se a atividade se mantiver desaquecida por um período mais prolongado, as empresas devem reduzir a oferta, o que pode afetar os preços. Mas, destacou, essa não é uma medida simples, porque significa abrir mão de parte do mercado, empurrar o cliente a outra empresa. Em alguns aeroportos, como Congonhas, cancelar voos pode levar à perda do slot (autorização para pousos e decolagens).

O diretor de uma grande companhia disse que as empresas vão amargar mais um resultado negativo neste ano. A expectativa é que a situação só comece a mudar no fim de 2016. “Estamos atravessando uma tempestade. Não vamos sair dela tão cedo. O objetivo agora é reduzir os danos”, disse.

Estratégias

As empresas passaram a monitorar mais de perto o mercado e a fazer ajustes finos na malha, reduzindo a frequência nos voos ou alterando planos de abertura de rotas.

“A gente olha preço toda hora, por minuto. O mercado é livre e tem muita competição. Se meu concorrente aumentar a oferta, o preço cai. Estamos preparados para fazer os ajustes necessários”, disse o presidente da Azul, Antonoaldo Neves.

“A procura está mais fraca e a oferta bastante abrangente. Eu diria que as promoções são uma questão de sobrevivência”, disse Mário Carvalho, diretor-geral da TAP no Brasil.

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