
A diferença entre os resultados do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) deixa evidente o que muita gente já sabe: comprar passagem aérea com antecedência é sinônimo de economia. Pelo IPCA, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), voar ficou 31,88% mais caro ao longo de 2009. Já de acordo com o IPC, medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), os preços dos bilhetes aéreos caíram 25,36% durante o mesmo período.
A metodologia das pesquisas explica a discrepância. O IBGE coleta os dados do primeiro ao último dia útil de cada mês, em nove regiões metropolitanas do país (inclusive Curitiba). Ou seja, leva em conta o preço à vista e a tarifa cheia. A FGV, no entanto, verifica o preço de ida para sete cidades brasileiras com 30 dias de antecedência, e considera a opção mais barata. Ou seja, o passageiro que planejou as viagens com antecedência ao longo do ano passado, pagou ainda menos para viajar. Uma diferença que, no balanço das companhias, é compensada pelos clientes mais atrasados, que viram os preços dispararem.
O economista da FGV André Braz acredita que nem o dólar depreciado ante o real levou as famílias brasileiras a viajarem mais no ano passado, por causa da ameaça da crise financeira. "As pessoas ficam receosas em viajar porque a questão não é pagar, mas, se perder o emprego depois, como vai fazer?", explica. De acordo com o IPC, a queda mais intensa nos preços ocorreu em abril (13,96%) época de baixa temporada.
O indicador da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) Yield Tarifa que corresponde ao valor médio que cada passageiro paga por quilômetro voado teve seu menor índice em junho, quando a tarifa média chegou a R$ 268,69. A Anac ainda não divulgou os dados referentes a dezembro do ano passado, mas entre o fim de 2008 e novembro passado, o indicador caiu 20,3%. A metodologia do Yield Tarifa leva em conta apenas a origem e o destino do bilhete aéreo, independentemente das escalas e conexões, para 67 trechos domésticos.
Parcelamentos
O vice-presidente da Associação Brasileira das Agências de Viagens (Abav), José Roberto Ghisi, diz que o mercado está bastante aquecido, não só pelos descontos oferecidos pelas companhias aéreas, mas também pela facilidade de pagamento há opções de parcelamento em até 60 meses. A estimativa da Abav é de um aumento no volume de vendas de pacotes de lazer de até 30% ao longo de 2010. "O que a gente vê é que há um aumento principalmente nos períodos de baixa temporada. As pessoas estão se programando para aproveitar a vantagem de preço", diz Ghisi.
O presidente da Azul, Pedro Janot, confirma a versão que reflete um acréscimo no preço dos bilhetes. Mas, segundo ele, o que houve foi uma recomposição das margens de preço das companhias aéreas. "O índice não revela o quanto as passagens estavam deprimidas, com uma variação que ficou 36% abaixo do IPCA nos últimos cinco anos. Mesmo com o reajuste, ainda estamos praticando margens próximas às de 2002, período em que as passagens estiveram mais baratas", diz.
* * * * *
Interatividade
Você costuma comprar bilhetes aéreos com quanto tempo de antecedência?
Escreva para leitor@gazetadopovo.com.br
As cartas selecionadas serão publicadas na Coluna do Leitor.