O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, informou nesta terça-feira (29) que anunciará em janeiro um programa de popularização da banda larga no Brasil, usando todas as fibras ópticas que compõem a rede Eletronet. "A internet é uma dívida que o País tem", disse, ao participar do programa "Bom Dia Ministro", produzido pela Empresa Brasileira de Comunicação (EBC).
Ele lembrou que o governo ganhou na Justiça o direito de assumir o controle de toda a fibra óptica não utilizada e que estava sob a gestão da massa falida da Eletronet. "Tem uma rede de fibra ótica ao longo das linhas de transmissão em todo o Brasil, cerca de 17 mil quilômetros, e vamos começar o trabalho no primeiro semestre para colocar esta rede para funcionar", disse.
Segundo o ministro, a ideia é oferecer banda larga a instalações públicas como escolas e hospitais, mas o governo poderá permitir que provedores de internet usem a rede, pagando pela exploração, para oferecerem banda larga em pequenas cidades. "Hoje a banda larga não é larga, é meio larga, é banda estreita, é caríssima e não é oferecida em todo território nacional. Seria importante que as empresas atentassem que há um grande mercado potencial de consumidores em todo Brasil que pode ser atendido. Elas podem explorar isso com muito mais ousadia do que fazem hoje", argumentou.
Bernardo contou que quando viaja para localidades como Salvador ou Barra da Tijuca, no Rio, o modem da sua banda larga fica em 10% da velocidade prometida pela empresa. O ministro disse ainda que fora dos grandes centros, a internet ainda é acessada por linha discada, sendo obrigada a compartilhar o espaço de voz.
"Nós não queremos ocupar o espaço das empresas. Nós queremos que a banda larga seja oferecida para todo País. O que não pode é as empresas não oferecerem o serviço e acharem que o governo também não pode", afirmou Bernardo. Segundo ele, se as empresas tiverem disposição para trabalhar em cooperação com o governo serão bem-vindas. "Não podemos prescindir do trabalho e da tecnologia que estas empresas têm", afirmou. Dentro do governo o assunto já provocou uma divisão sobre a reativação da Telebrás para assumir o comando da rede.
Desonerações
Bernardo disse também que o consumidor brasileiro não deve esperar novas desonerações de produtos em 2010. Segundo ele, as medidas adotadas este ano para estimular o consumo diante da crise financeira mundial não devem ter continuidade no próximo ano. "Nós adotamos medidas que foram satisfatórias, mas não há a ideia de ficar fazendo este tipo de ação. Tínhamos de apostar numa reforma tributária. Isso sim vai trazer uma carga tributária mais justamente distribuída entre os contribuintes", defendeu.
Bernardo disse que em 2009 havia o risco de colapso em vários setores, como na indústria automobilística que representa quase 25% do PIB industrial. "Acho que essa política que fizemos serviu para um período crítico", avaliou. "Eu não esperaria em 2010 novas desonerações.