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Entrevista

Pecuarista vai à Justiça para abater 1.300 bois

Curitiba – O pecuarista André Mueller Carioba, da Fazenda Cachoeira, em Santo Sebastião da Amoreira, região Norte, vai entrar na Justiça com pedido de liminar para abater 1.300 cabeças de gado. Os animais, segundo o proprietário, estão prontos para o abate e, em 15 dias, acaba a ração e a disponibilidade de áreas de pastagem. Depois que o Ministério da Agricultura (Mapa) confirmou a existência de um foco de febre a aftosa na propriedade, o local foi interditado e isolado com barreiras sanitárias. Carioba disse que foi escolhido pelo Mapa por ser o maior comprador do gado que veio do Mato Grosso do Sul e foi leiloado em Londrina. Ele voltou a afirmar que nenhum dos animais de sua fazenda possui os sintomas da doença. A existência da febre aftosa, anunciada no dia 6, também é contestada pelo governo do estado.

Os animais da sua fazenda estão doentes?

André Carioba – Não há nenhum animal com sintoma da doença. Os 209 animais que, segundo o Ministério, teriam aftosa, foram comprados em 4 de outubro no Leilão de Londrina. Estes animais, de fato, vieram do Mato Grosso do Sul, de uma das fazendas em que foi detectado um foco, na região de Eldorado, mas eles não foram contaminados. Desde que chegaram à fazenda eles engordaram 65 kg e nunca apresentaram nenhum sintoma de aftosa.

Por quê então os testes sorológicos deram positivo?

De novembro do ano passado até outubro deste ano, quando foram comprados, os animais tomaram três doses da vacina contra aftosa. Por isso o teste pode acusar os anticorpos ao vírus. Outra prova de que não há a doença entre os meus animais é que tenho bezerros que não foram vacinados, pois desde que houve a suspeita no Paraná a vacinação foi suspensa nessas áreas, e eles também estão saudáveis. Se tivessem aftosa, já estariam mortos.

O que o senhor prentende fazer agora?

Vou pedir, por meio de uma liminar na Justiça, autorização para abater os outros 1.300 animais que estão em confinamento na fazenda (separados dos 209 supostamente com aftosa, que estão isolados). A ração destes 1.300 animais termina em 15 dias e eles estão prontos para o abate.

E se o abate não for autorizado?

Não consigo pensar no que fazer. Não tenho área para colocar os animais no pasto. Se não puder abater os animais vão emagrecer até morrer, pois não terei comida. Os prejuízos na minha fazenda começaram desde que foi detectada a suspeita de aftosa no estado, pois o preço da arroba do boi despencou.

O senhor acredita ser vítima da situação?

Ainda não me sinto a vítima da história. Acho que a vítima é o Paraná. Eu fui o maior comprador no estado dos animais que vieram do Mato Grosso do Sul e, por isso, o Ministério, seguindo os passos da Organização Internacional de Epizootias (OIE) e as pressões do comércio internacional, escolheu a minha propriedade. Outro motivo é que eu não tinha entrado com uma ação pedindo que o ministério refizesse os exames, como fizeram os proprietários das fazendas que estavam sob suspeita. O governo não poderia anunciar foco de aftosa nestas fazendas, pois estão sub judice.

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