• Carregando...
De saída: pedidos de demissão na indústria do Paraná superam a média nacional | Brunno Covello/ Gazeta do Povo
De saída: pedidos de demissão na indústria do Paraná superam a média nacional| Foto: Brunno Covello/ Gazeta do Povo

Saídas no setor de serviços de Curitiba batem média nacional

Os serviços responderam por mais da metade dos desligamentos voluntários em Curitiba no ano passado – de todas as demissões desse tipo, 53% ocorreram nesse setor, que é também o principal empregador. O índice curitibano, no entanto, ficou significativamente acima da média nacional. Em todo o país, os pedidos de demissão em empresas de serviços corresponderam a 42% do total.

O número é um indício de que o mercado de trabalho para cargos de baixa remuneração na capital paranaense está levemente mais aquecido que nas demais cidades. "Nessas vagas, a disputa por profissionais está muito mais feroz do que em qualquer outro ramo", afirma o gerente de capacitação do Senac em Curitiba, Alberto Ruiz.

Ao longo de 2013, 240 mil pessoas foram contratadas para vagas no setor de serviços em Curitiba, e 230 mil foram desligadas – o equivalente a metade da movimentação total de empregos na cidade.

Indústria "descolada"

No estado todo, é a indústria que apresenta a proporção de pedidos de demissão mais descolada da média nacional. Enquanto 19% dos pedidos de desligamento em todo o Brasil estão neste setor, no Paraná os pedidos ligados de demissão na indústria representam 26% do total.

Sem perdão

Número de dispensas por justa causa cresceu 82% desde 2009

Nos últimos anos, as demissões por justa causa cresceram bem mais que o número total de desligamentos. O número de pessoas demitidas com essa justificativa aumentou 82% de 2009 a 2013, enquanto o total de demissões subiu 32%.

Para o professor de Economia do Trabalho da Unesp Hélio Mondriani, muito disso se deve à contratação com carteira assinada em postos de trabalho que por muitos anos ficaram na informalidade. "Algumas profissões passaram décadas sem qualquer formalização. Com contrato de carteira assinada, esses profissionais passam a ter direitos, mas também deveres", afirma.

Segundo ele, o empregador também está menos tolerante com erros cometidos por empregados. "É reflexo da judicialização das relações de trabalho. Empregado e patrão estão menos receosos de ir à Justiça para resolver um conflito. A demissão por justa causa acaba sendo um recurso do empregador neste sentido", avalia.

O ritmo de crescimento nos pedidos de demissão no Brasil caiu ao menor nível em quatro anos. Em 2013, o número de trabalhadores que se desligaram voluntariamente dos seus empregos se manteve praticamente estável em relação ao ano anterior, com alta de apenas 1,3%. Um aumento tímido se comparado com 2010, por exemplo, quando o número de pedidos de demissão cresceu 34%.

Veja o índice de pedidos de demissão

Os dados foram levantados pela Gazeta do Povo na base de dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

A desaceleração tem sido gradual e acompanha, em parte, a estabilização na rotatividade do emprego no país. O movimento revela a acomodação do mercado de trabalho e do próprio do trabalhador brasileiro nos últimos anos, de acordo com especialistas.

Desde a crise econômica de 2009, o ritmo de desligamentos totais ano após ano vem desacelerando – nesse caso, somam-se os trabalhadores que se aposentaram, pediram demissão, foram demitidos ou faleceram. Em 2010, o número de demissões havia aumentado 12% em relação ao ano anterior; em 2013, o crescimento ficou em 3,2%.

Para o especialista em Economia do Trabalho Agnaldo Beduschi, da Universidade Federal Fluminense (UFF), a queda no ritmo dos desligamentos voluntários se dá pelas mudanças sofridas pelo mercado de trabalho. "Em 2010 a oferta de emprego era tão grande que muita gente trocou de trabalho duas vezes no ano. Foi um processo gradual que hoje resulta numa estabilidade maior", afirma.

Segundo o especialista, havia uma grande diferença entre a oferta de emprego e a mão de obra disponível, que depois se normalizou. "A diferença entre o número de vagas e empregados qualificados diminuiu bastante", diz.

A desaceleração também está ligada às baixas expectativas econômicas de empresários e empregados no curto prazo. "Se o patrão está otimista, investe e abre mais vagas. Se o trabalhador está otimista, ele se arrisca para empreender ou buscar melhores postos", afirma Hélio Mondriani, professor de Economia do Trabalho da Unesp.

Com a economia operando em marcha lenta, a estabilidade nos pedidos de demissão deve se manter em 2014. "Além da conjuntura pouco animadora, os baixos índices de desemprego apontam para um dinamismo menor", diz Beduschi, da UFF.

Outro sinal de que o cenário deste ano deve ser bastante parecido com o de 2013 é que a renda média do trabalhador está crescendo em velocidade mais baixa. O aumento dos salários em menor intensidade indica que os empregadores estão disputando menos os trabalhadores.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]