| Foto: Shana Reis/GERJ

O novo presidente da Petrobras, Pedro Parente, garantiu nesta sexta-feira (3) que não existe qualquer plano de se discutir a privatização da estatal no governo do presidente interino Michel Temer. E afirmou que não assumiu o cargo com esse objetivo, que está totalmente descartado.

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Em entrevista na manhã desta sexta-feira à Rádio Gaúcha, o executivo reafirmou que sua missão é de “resgatar” a empresa e que terá como foco o aumento da produção de petróleo no pré-sal e a redução do seu elevado nível de endividamento.

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“Não vim para cuidar de privatização da Petrobras. Não é este meu mandato. Não vou perder tempo com essa questão porque não é uma questão que está madura para uma discussão na sociedade. O que é minha missão é o resgate da empresa, e como empresa que é de sociedade de economia mista, ela tem que ter uma governança e tem que ser gerida melhor do que as empresas privadas no nosso país. Nós queremos não ser apenas a maior empresa brasileira, queremos ser a melhor empresa brasileira”, disse.

O presidente da Petrobras reafirmou que a privatização não é um tema em questão: “Portanto, esse tema privatização não se coloca para nós, é uma decisão de acionista controlador. E eu não vejo essa discussão acontecer no governo. E não foi parte da conversa do presidente Temer comigo.”

Na entrevista à Rádio Gaúcha, Parente voltou a garantir que não haverá indicações políticas na nomeação de diretores da companhia, e reafirmou que a estatal terá plena autonomia para definir sua política de preços dos combustíveis, que será decidida empresarialmente.

“Eu só poderia vir [para a Petrobras] dentro das condições necessárias para fazer o resgate dessa empresa, que é maravilhosa e sempre esteve como orgulho dos brasileiros. Eu quero fazer isso, e, para isso, alguns pré-requisitos eram fundamentais. E um deles e mais importante é que acabou a indicação política na Petrobras. Não haverá indicação de partidos para diretores, não faz sentido partidos estarem indicando diretores numa empresa que tem uma missão técnica de grande responsabilidade de explorar e produzir petróleo. Isso já acabou. Não há diretores hoje aqui na empresa indicados por partidos políticos e não haverá enquanto eu estiver aqui”, garantiu.

O executivo destacou que a questão mais urgente e que será seu foco é continuar o trabalho de equacionamento da dívida da estatal (R$ 450 bilhões), e conseguir sua redução a um nível mais compatível com a geração de caixa. Parente voltou a descartar a possibilidade de se fazer uma capitalização na companhia, considerando a situação difícil do Tesouro Nacional.

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“Se o problema foi gerado dentro da companhia, nós temos que gerar os meios para resolver. E isso passa por desinvestimentos, que incluem a venda de alguns ativos. Mas a gente acha que pode trabalhar na linha de fazer parcerias, onde já temos experiências de sucesso no upstream (exploração e produção). Há outras empresas de economia mista que têm experiência de sucesso, uma delas é o Banco do Brasil. Temos que pensar em tudo, mas nossa visão é que, se pudermos priorizar parcerias, é por onde pensamos em ir neste momento de chegada”. explicou.

Parente voltou também a garantir que a companhia continuará contribuindo com as investigações da Operação Lava Jato, além de continuar com as as apurações por meio da Comissão Interna de Investigação.

“Todo apoio está sendo dado e vai continuar a ser dado para que todas as questões apareçam venham à superfície e qualquer um que tenha feito coisas que não são corretas, ilegais, será realmente punido”, afirmou.

Com relação à política de preços dos combustíveis, o presidente voltou a garantir que a companhia terá total autonomia a tomar decisões que serão puramente empresariais: “A questão da definição dos preços dos produtos que esta empresa produz e vende ao mercado tem que ser como é, natural, uma decisão empresarial. A gente tem custos para produzir, precisa fazer investimentos, tem que dar o retorno adequado aos nossos acionista. E o principal acionista, não é o tesouro Nacional, é a sociedade brasileira. Esse conjunto de coisas, como em qualquer empresa, faz com que a empresa tenha que pensar com autonomia nos preços que cobra para quem fornece.”

Parente voltou a criticar a atual política de conteúdo local, prevista na Lei de Partilha de exploração no pré-sal, que obriga a Petrobras a ter no mínimo 30% de participação em todos os blocos e de ser operadora única nesses campos.

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“Essa política não atende o interesse da empresa nem do país. Em primeiro lugar dada a nossa situação financeira, significa dizer que vamos demorar muito a explorar o potencial do pré-sal”, afirmou. “Outra questão de natureza estratégica para a companhia é que nós não podemos ser obrigados a explorar aquilo que eventualmente não esteja nos nossos interesses, que a gente pense que não é importante. A empresa não pode ser obrigada a fazer aquilo que ela pensa que não é o melhor interesse da empresa e de seus acionistas”, afirmou.